Figura do dia: o sonho argentino no pé esquerdo de um Messi(as)

13 dez 2022, 23:59
Argentina-Croácia (AP)

Astro argentino chegou a dar como terminada a carreira na seleção, mas voltou para preencher o que lhe faltava. A obra está a um jogo de ficar completa

Em junho de 2016, Lionel Messi anunciava o fim da carreira internacional pela Argentina. «Para mim, a seleção nacional acabou. Fiz tudo o que podia, dói não ser campeão», dizia aos jornalistas após nova final da Copa América perdida, a terceira da carreira depois de 2015 e 2007.

Aos 29 anos, o maior talento argentino desde Diego Armando Maradona parecia não conseguir atingir na seleção os repetidos desempenhos estrelares no Barcelona. E era isso que lhe cobravam os compatriotas: ser tão bom com a camisola alviceleste como no clube. Como fora Maradona.

Pouco mais de um mês depois da renúncia, anunciada a quente depois de ter falhado uma das penalidades no jogo decisivo diante do Chile naquela Copa América dos 100 anos, Messi anunciou o regresso após fazer o luto: «Amo demasiado o meu país e esta camisola.»

 

Dois anos depois, nova desilusão. A Argentina perdeu com França por 4-3 nos oitavos de final do Mundial. Parecia ser o fim de uma das gerações mais promissoras do país: já trintões, Messi, Di María, Aguero e Higuaín não teriam nova oportunidade para conquistar o Mundo.

E Messi decidiu afastar-se da seleção, voltando apenas no ano seguinte, para atacar a Copa América que ainda lhe faltava e que só chegaria em 2022, à sexta presença na competição.

Finalmente em paz com ele próprio e também em paz com o seu povo, o 10 da Argentina passou da pouca consensualidade para a aparentemente unanimidade: é nele que os compatriotas depositam todas as esperanças de voltar a ver a alviceleste tocar o céu do Mundo 36 anos depois de Maradona no México.

E Messi, depois de uma época de transição do Barcelona para o PSG e números aquém do legado que deixou, parece ser hoje a Pulga que deslumbrou o Mundo ao longo de década e meia no Barcelona. Excelente no clube, mais apurado do que nunca na seleção.

Nesta terça-feira, diante da Croácia, começou por igualar o recorde de jogos em Mundiais. A seguir, abriu caminho para uma vitória confortável por 3-0 ao converter com sucesso a grande penalidade do 1-0: aí, tornou-se, destacado de todos os outros, no maior goleador argentino na competição. Depois, invocou o génio da lâmpada para fabricar a jogada do 3-0, mostrando a Gvardiol, com menos 15 anos do que ele, que os jovens ainda têm de esperar pela vez deles. Porque a vez dele, a de Lionel, ainda não terminou.

Depois da entrada em falso, com uma derrota inesperada diante da Arábia Saudita, a alviceleste ergueu-se: pela obra e arte de Messi e do trabalho incansável do seu séquito. Mas é ele, com cinco golos e três assistências em seis jogos, quem aponta ao céu para se despedir em grande da seleção e mostrar a quem ainda duvida que é ele o legítimo herdeiro de Maradona.

Pode ler mais sobre Lionel Messi e os restantes 25 jogadores da Argentina no Mundial 2022 no dossier dedicado à seleção da Argentina, um dos vários conteúdos publicados no âmbito da Guardian Experts’ Network, a rede de meios de comunicação que tem o Maisfutebol como representante português, para partilha de informação relativa ao Mundial 2022.

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