Ativista do Portugal-Uruguai libertado após conversa com Infantino

29 nov 2022, 11:44

«Vetaram o Neuer, vetaram todos os capitães, mas não a mim», disse o italiano Mario Ferri

Bruno Fernandes foi a figura maior da vitória de Portugal frente ao Uruguai, da segunda jornada do grupo H do Mundial 2022, mas houve outro nome a ser falado: o de Mario Ferri.

Jogador italiano, Ferri invadiu o relvado ao minuto 51, carregando consigo uma bandeira com as cores do arco-íris, à Ucrânia e às mulheres iranianas. Antes, já tinha feito o mesmo nos Mundiais de 2010 e 2014.

Detido no momento da invasão, o ativista foi libertado pouco depois do jogo, e após uma conversa com o presidente da FIFA, Gianni Infantino.

«Escolhi o melhor cenário para mostrar as mensagens. Quando me prenderam, o Infantino desceu e perguntou-me: ‘Porquê? Porquê? Porquê?’ Ele lembrava-se das outras invasões em Mundiais. Respondi: ‘Porque jogamos ao polícia e ladrão. Eu contra cinco mil pessoas’», começou por contar, ao Globoesporte.

«Assinei uma declaração a prometer que não voltava a fazer isto, mas autorizaram-me a ver mais jogos. Perguntei: ‘Posso ver os jogos?’. Responderam: ‘Sim, és bem-vindo. Podes ficar no Qatar’. Entenderam bem a mensagem», acrescentou.

Falcão, como é conhecido, concluiu depois: «É preciso muita coragem para exibir a bandeira LGBTQI+ aqui, num mundo árabe perigoso. Vetaram o Neuer, vetaram todos os capitães, mas não a mim. O Falcão pousou.»

Nas redes sociais, de resto, Ferri também deixou uma mensagem a dar conta de que tinha sido libertado pelas autoridades locais e a reforçar a causa LGBTQI+, ucraniana e iraniana.

«Tanta emoção neste momento. Não há consequências legais, saí em liberdade. Obrigado pelas mensagens de apoio. (…) Se for por uma boa causa, quebrar as regras nunca é crime», escreveu.

NOTA DA REDAÇÃO:

Mario Ferri assumiu, na exibição da bandeira, o apoio à causa LGBTQI+, de acordo com o diálogo com o presidente da FIFA, Gianni Infantino.

Porém, e apesar da quase total semelhança nas cores, a bandeira que Mario Ferri levava durante a invasão de campo no Portugal-Uruguai, de segunda-feira, era a bandeira pela paz, com as cores do arco-íris (roxo, azul escuro, azul claro, verde, amarelo, laranja e vermelho, por esta ordem) e com a palavra “pace” inscrita, que significa paz, em italiano, que começou a ser utilizada numa marcha pela paz em Itália, em 1961.

A bandeira associada ao movimento LGBTQI+ tem o mesmo padrão, mas como grande diferença o facto de não ter a faixa azul clara. Ainda assim, e conforme Ferri referiu, a bandeira exibida tinha como intenção apoiar as pessoas em torno do movimento LGBTQI+. 

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