De fatos trocados
Uruguai e Coreia do Sul não foram além de um empate sem golos no Estádio Educação, em Doha, e deixaram caminho aberto para Portugal ou Gana atacarem o primeiro luar do Grupo H no segundo jogo deste grupo. Um jogo muito equilibrado, mas com a seleção comandada por Paulo Bento, ao contrário das expetativas, bem mais aguerrida do que os sul-americanos que, apesar de terem jogado com Luis Suárez, Darwin Nuñez e ainda Edinson Cavani, raramente exibiram a alma habitual.
A seleção do Uruguai destaca-se, tradicionalmente, pela sua capacidade de resiliência e combate, mas surpreendentemente, foi a Coreia do Sul que entrou no jogo de dentes cerrados e espírito aguerrido, acorrendo a todas as bolas, pressionante alto, recuperando muitas bolas e com um constante ataque à profundidade. Tudo isto perante uma estranha passividade da seleção celeste que, numa primeira fase, não conseguia fazer melhor do que ir afastando a bola da sua área.
Foi notória a intenção de Paulo Bento em procurar um golo cedo, com uma forte pressão em todos os setores do jogo, quer na recuperação da bola, quer depois na progressão, com um jogo pragmático, de bola na frente e mais do que um jogador a atacá-la. Muitas vezes caiu um jogador pressionado por um adversário, mas logo aparecia outro a carregar a bola, diante de um Uruguaio que parecia surpreendido pela forma como o adversário se apresentava.
O selecionador Diego Alonso, deixou os sportinguistas Sebastian Coates e Manuel Ugarte no banco, para apostar num onze que foi um misto de jogadores experientes, como Giménez e Godín, no eixo defensivo, que já tinha jogado os últimos Mundiais. Mas também gente nova, a começar pelo guarda-redes Rochet, mas também Matias Olivera, Pellistri e Darwin Nuñez. Mesmo e Fede Valverde, que não contava para Oscar Tabarez, estreou-se em fases finais. Um onze que demorou uma eternidade a encontrar um equilíbrio em campo. A seleção celeste até conseguia conter as constantes investidas dos coreanos, mas depois sentia tremendas dificuldades em sair a jogar.
A Coreia do Sul esteve claramente por cima do jogo ao longo de toda a primeira parte e até podia ter chegado ao intervalo em vantagem, com destaque para um remate de Hwang Ui-Jo por cima da barra. A fechar a primeira parte, na sequência de um canto. Godín desviou de cabeça para o poste.
Valverde atira ao poste e fecha com carrinho
O Uruguai regressou para a segunda parte, ainda sem alterações, mas mais bem organizada em termos táticos. A Coreia do Sul também já não conseguia manter a intensidade que apresentou na primeira parte, mas continuava a procurar sufocar os sul-americanos com uma pressão alta, mais do que isso, uma pressão constante sobre o detentor da bola.
Darwin protagonizou uma arrancada espetacular, na sequência de um grande passe de Valverde, mas na ponta final falhou o passe para Luis Suárez que, logo a seguir, cedeu o lugar a Cavani. Os treinadores começavam também a jogar a partir do banco, com sucessivas alterações, mas com as equipas cada vez mais determinadas em não perder.
O jogo tornou-se, apesar de tudo, mais emotivo nos instantes finais. Fede Valverde, com um pontapé do meio da rua, levou a bola a bater com estrondo no poste. Logo a seguir, na sequência de um mau passe de Rochet, a Coreia recuperou uma bola e Son atirou a rasar o poste. Uma oportunidade flagrante para cada lado a fechar o jogo que terminou mesmo sem golos.
Já em período de compensação, fica uma imagem que diz muito do que foi este jogo. Fede Valverde, que tinha acabado de atirar ao poste, fez um carrinho sobre Cho Gue-Sung, ganhou a bola e festejou como se tivesse marcado um golo. Um gesto que fez levantar os adeptos do Uruguai num redobrado apoio à equipa, mas o jogo acabou logo a seguir. Quarto nulo no Qatar.