Mundial 2022: Irão- Estados Unidos, 0-1 (crónica)

29 nov 2022, 21:33

O sonho americano nos pés de Pulisic

A história raramente repete-se no futebol e, desta vez, foram os Estados Unidos que venceram o Irão e, desta forma, seguem para os oitavos de final do Campeonato do Mundo onde vão defrontar os Países Baixos. Num jogo sem quaisquer sinais de conotação política, a jovem equipa norte-americana tirou máximo proveito da maior mobilidade que conseguiu impor em campo face a uma seleção persa demasiado presa à disciplina tática imposta por Carlos Queiroz. Os norte-americanos chegaram à vantagem ainda na primeira parte e os iranianos acordaram demasiado tarde para o resultado. Venceu o jogo mais livre e fantasista.

A tensão que se vive diariamente no Irão não se fez notar no relvado onde se colocaram em campo duas equipas com sistemas idênticos (4x3x3), mas com filosofias bem distintas. A seleção persa, que entrou em vantagem neste jogo, com mais um ponto do que o adversário, deu total privilégio ao sentido posicional da sua equipa, com os jogadores a ocuparem muito bem os espaços, mas com pouca pressão pela conquista da bola.

Uma ideia bem diferente da equipa norte-americana, onde os três elementos do meio-campo e os outros três do ataque montaram um verdadeiro carrocel, procurando quebrar a disciplina do adversário, com constantes movimentações, muitas vezes apoiados pelas subidas dos laterais, principalmente Robinson, pelos corredores.

Os primeiros minutos foram pouco interessantes, com os Estados Unidos a chocarem de forma persistente contra um muro branco, com Pulisic e Weah à procura de desequilíbrios, mas sem encontrar espaços para chegar à área persa. O avançado do Chelsea bem tentava furar a muralha montada por Queiroz, mas quando passava a primeira barreira, acabava desarmado na segunda.

A verdade é que os EUA, com mais bola, foram obrigando o Irão a recuar para manter a mesma consistência defensiva, para desespero de Carlos Queiroz que, junto à linha, ia pedindo à equipa para subir. Pouco depois da meia-hora, os americanos já somavam sete remates, contra nenhum do Irão. A tendência começava a acentuar-se até que McKennie, com um passe espetacular, conseguiu finalmente derrubar a muralha persa. Um grande passe a solicitar a entrada de Dest sobre a direita, com o lateral, de cabeça, a colocar a bola na área onde Pulisic entrou com tudo, para o necessário golo.

O avançado não chegou a festejar, como o resto da equipa, uma vez que acabou por chocar com o guarda-redes e ficou lesionado. O jogador do Chelsea esteve vários minutos a ser assistido, ainda voltou ao jogo, mas visivelmente limitado. Já não voltaria para o segundo tempo, mas já tinha deixado a sua marca forte neste jogo, com o golo que acabaria por revelar-se determinante. Antes do intervalo, os Estados Unidos subiam ao segundo lugar e obrigavam o Irão a fazer pela vida na segunda parte. Ainda antes do intervalo, Tim Weah ainda voltou a marcar, mas a bandeirola estava levantada e não valeu.

Pressão crescente, acaba com tensão no final

Portanto, para a segunda parte, invertiam-se as posições. Agora era os Estados Unidos que estavam com um pé nos oitavos e o Irão que precisava de marcar um golo. O jogo mudou de forma significativa, até porque Pulisic, lesionado na coxa esquerda, já não voltou para o segundo tempo. O Irão, que até ao lance do golo não quis saber muito da bola, agora dava tudo para a ter, num bloco bem mais subido.

Os EUA recuaram, à procura de espaços para as transições rápidas, mas a verdade é que acabaram por passar por dificuldades extremas para defender a magra vantagem junto da sua área. Com a saída de Azmoun, Taremi passava a ser principal referência do ataque da equipa de Queiroz.

A pressão sobre a baliza norte-americana foi crescendo e passou a tensão nos nove minutos de compensação, com o Irão a pedir duas grandes penalidades num espaço de poucos minutos, a última, já mesmo com o jogo a acabar, numa alegada falta sobre Taremi, mas o árbitro espanhol, Antonio Mateu Lahoz, nada assinalou.

Os Estados Unidos seguem, assim, para os oitavos de final, onde vão defrontar os Países Baixos, a 3 de dezembro. Falta saber se Pulisic, bem como Sargent, recuperam até lá, uma vez que os dois avançados norte-americanos saíram lesionados deste jogo. O Irão de Carlos Queiroz, despede-se, desde já, do Mundial, com uma vitória [sobre o País de Gales, 2-0] em três jogos.

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