Mundial 2022: Argentina-Arábia Saudita, 1-2 (crónica)

22 nov 2022, 12:40
Argentina-Arábia Saudita (AP)

Escândalo fora do roteiro

Ao terceiro dia fica registado um dos maiores escândalos da história dos Mundiais. A grande Argentina, que voltava a sonhar como não sonhava desde os tempos de Diego Armando Maradona, caiu com estrondo diante da Arábia Saudita no Estádio Al Lusail (1-2). Uma derrota inacreditável depois da equipa de Lionel Scaloni ter somado 36 jogos consecutivos sem derrotas desde a conquista da Copa América, depois de ter chegado ao intervalo em vantagem e com três golos anulados. Em apenas cinco minutos da segunda parte, os sauditas viraram o resultado e entraram para a história.

Um escândalo ainda maior pelo momento que a Argentina atravessava, a um passo de igualar a série de 37 jogos sem derrotas da Itália e já depois de Lionel Messi ter anunciado ao Mundo que este seria o seu último Mundial. Uma Argentina que reúne um conjunto de jogadores que fazia o país voltar a acreditar, uma Argentina que tinha voltado a conquistar a Copa América em 2021.

Lionel Scaloni apresentou o onze mais aguardado, confirmando-se a ausência de Marcus Acuña no lado esquerdo da defesa, com o antigo jogador do Sporting a recuperar de uma mialgia e a ceder o lugar Tagliafico, mas com Papu Gómez que também estava em dúvida, mas foi a jogo.

Duas equipas com filosofias bem distintas em campo, com a Arábia Saudita com um bloco bem subido, mas sem pressionar o detentor da bola. Visto de cima, parecia tudo muito fácil para a Argentina, com muitos espaços para progredir, mas a verdade é que equipa comandada por Hervé Renard revelou uma enorme sintonia na sua linha defensiva, como se veio a comprovar ao longo da primeira parte.

Quando a Argentina tinha a bola, a Arábia Saudita formava uma linha de seis atrás, uma linha muito bem afinada que, propriamente sem pressionar, ia procurando subir e retirar espaços de manobra aos argentinos, deixando três jogadores soltos para atrapalhar. Uma estratégia que parecia muito arriscada, com Di María e Papu Gómez, sobre as alas, sempre prontos para explorar os espaços que pareciam ter no corredor.

No entanto, o primeiro golo acabou por chegar num lance de bola parada, com alguma polémica. Livre de Messi sobre a esquerda, Paredes é agarrado na área e o árbitro, depois de alertado pelo VAR apontou para a marca dos onze metros. Messi, com classe, abriu o marcador, chegando ao seu sétimo golo em fases finais, tantos como Cristiano Ronaldo, ficando a apenas três de Gabriel Batitusta, o melhor marcador da Argentina em Mundiais.

Parecia que estava aberto o caminho para um resultado volumoso, mas os minutos seguintes revelaram que não ia ser tão fácil. Nos 25 minutos que se seguiram, a Argentina voltou a colocar a bola nas redes de Al Owais por três vezes, com Messi a voltar a marcar e Lautaro Martínez a bisar, mas os três golos foram todos anulados, um a um, por fora de jogo. A Argentina, com dois, três passes, chegava facilmente à frente, colocava a bola sobre a tal linha saudita, mas era sucessivamente apanhada em fora de jogo.

Uma linha que matava o ataque da Argentina com uma precisão impressionante. Até ao intervalo, a Argentina caiu por sete vezes em fora de jogo, nunca tinha acontecido num Mundial em apenas 45 minutos. Mas a verdade é que, nesta altura, a Argentina estava a vencer e a forma como as duas equipas estavam a gerir o jogo, tudo apontava que a equipa de Scaloni, mais tarde ou mais cedo, voltaria a marcar. A Arábia Saudita defendia bem, mas chegou ao intervalo sem fazer rum remate à baliza.

O pior estava para vir...

O pesadelo começou a ganhar forma já no início da segunda parte. Logo a abrir, Al Malki, com um grande passe no corredor central, lançou Al Shehri e o avançado, que chegou a passar pelo futebol português [Mafra e Beira-Mar], fugiu a Romero para bater Martínez. Estava feito o empate. Aqui já havia surpresa, até porque este seria o jogo mais acessível para a Argentina num grupo que conta ainda com a Polónia e com o México.

A Argentina acelerou desde logo o jogo, mas cinco minutos depois a Arábia Saudita estava novamente a festejar. Na sequência de um canto, a Argentina demorou a afastar uma bola da sua área, Al Sawsari acabou por a recuperar e bateu Martínez com um grande pontapé. Em cinco minutos, a Argentina permitia a reviravolta e os sauditas faziam a festa nas bancadas.

Scaloni tentou emendar a mão, com três alterações de uma assentada, lançando Enzo Fernández, Julián Álvarez e Lisandro Martinez, mas a Argentina nunca mais se reencontrou no jogo. Di María, Messi e Lautaro Martinez continuaram a carregar diante de uma Arábia Saudita que parecia cada vez mais segura, com cortes atrás de cortes na sua área.

Até ao final do jogo, o maior momento de emoção registou-se quando o guarda-redes saudita, Al Owais, atingiu o lateral esquerdo, Al Shahrani, com o joelho na cabeça. O defesa saudita esteve a a ser assistido no relvado e acabou por deixar o jogo de maca, aparentemente já consciente.

Depois de há quatro anos, na Rússia, a Argentina ter empatado com a Islândia (1-1) no jogo de abertura, agora caiu com estrondo diante da Arábia Saudita.

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