Mundial 2022: Coreia do Sul-Gana, 2-3 (crónica)

28 nov 2022, 15:52

Ganeses espartanos sobrevivem a momento passional

Depois de um soberbo Camarões-Sérvia, um intensíssimo Coreia do Sul-Gana no nono dia do Mundial!

A vitória sorriu à seleção do continente africano, o que significa que, aconteça o que acontecer, no Grupo H nenhuma das equipas chegará à última jornada já matematicamente fora do Mundial.

O Gana teve períodos de um pragmatismo pouco habitual numa seleção africana – que, afinal de contas, tem ao leme Otto Addo, um homem com formação germânica – mas também da passionalidade que lhe permite, para o bem e para o mal, ser tudo durante 90 minutos.

A alteração tática ganesa, que deixou cair o sistema de defesa a três do jogo com Portugal, parecia indiciar uma postura mais arrojada, mas o que se viu nos 20 minutos iniciais foi uma Coreia do Sul instalada no meio-campo de uma seleção hiper-defensiva.

Pouco depois dos primeiros dez minutos já se contabilizavam cinco cantos a favor do conjunto de Paulo Bento, incapaz de transformar o caudal ofensivo em ocasiões de golo flagrantes.

Aos 24 minutos, o Gana adiantou-se no marcador por Salisu, que viu a bola cair-lhe à frente após um livre lateral de Jordan Ayew e rematou para o 1-0.

Dez minutos depois, vantagem dobrada dos «Black Stars». Após novo cruzamento do mais jovem dos irmãos Ayen, Kudus antecipou-se a um defesa coreano e fez o segundo de uma seleção ganesa cirúrgica no aproveitamento das situações.

Do lado dos coreanos faltava capacidade para desmontar a organização do Gana, que replicava o que de bem fez a nível defensivo contra Portugal e acrescentava-lhe uma tremenda eficácia ofensiva.

Paulo Bento mexeu logo ao intervalo, mas foi a entrada de Lee Kang-In, que trouxe, com efeitos imediatos, os asiáticos de volta à luta pelo resultado: não só pelo que o jogador do Maiorca fez a partir da esquerda, mas pela forma como permitiu também que o lateral-esquerdo Kim Jin-Su crescesse no jogo.

Um minuto depois de ir a jogo, assistiu para o golo do ponta de lança Cho Gue-Sung, que logo a seguir bisou novamente após um desequilíbrio da ala esquerda coreana e reclamou para ele, à falta da estrela Son Heung-Min (em claro sub-rendimento), o estatuto de líder da Coreia em campo.

Em escassos minutos, a estabilidade defensiva quase espartana do Gana ruiu, mas a crença nunca desapareceu.

E isso faria a diferença!

Aos 68 minutos, Kudus bisou após uma sequência de acontecimentos de explicação, quicá, mística. O ex-V. Guimarães Mensah cruzou rasteiro, Iñaki Williams falhou o remate e enganou todos menos Kudus, que atrás dele aproveitou para bisar no jogo.

Novamente em desvantagem, a Coreia do Sul partiu em peso para a frente, insistindo nos cruzamentos para os homens da frente, mas faltou-lhes aquilo que é necessário nestes momentos: tranquilidade.

E o Gana voltou a tentar ser aquela tal equipa pragmática, coesa defensivamente e em busca de ferir pela certa, embora perigosamente encostada atrás e a depender de Ati-Zigi, que apareceu quando tudo o resto falhou.

Após o jogo, Paulo Bento foi expulso por protestar com o árbitro por este não ter permitido que fosse cobrado um canto a favor dos asiático já para lá dos dez minutos de compensação decretados. A Coreia do Sul está com um pé fora do Mundial e está condenada a vencer Portugal para continuar em prova.

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