Mundial 2022: Argentina-Austrália, 2-1 (crónica)

3 dez 2022, 21:20

Despertador com hora Messi

A Argentina venceu a Austrália por 2-1 e marcou, desde já, encontro com os Países Baixos, nos quartos de final do Mundial 2022. Enzo Fernández foi titular, mas foi Lionel Messi, no seu jogo mil, que teve de levar a equipa para a frente e abrir caminho para a vitória. Um jogo que chegou a ser aborrecido, mas que acabou com pulsações fortes.

Quem esperava um jogo intenso, entre o sangue a ferver dos sul-americanos e o instinto puro dos australianos, sentiu-se certamente enganado. Foi um jogo de muita paciência, muito tático, com um ritmo tão baixo que apelava ao bocejo. Os cânticos constantes dos argentinos nas bancadas ajudavam a embalar, mas a verdade é que do relvado não vinha um pingo de emoção. A Argentina não tinha pressa, os australianos chegaram a esta fase numa condição física miserável.

Foi a seleção alviceleste que puxou pelos pergaminhos e assumiu a condução do jogo, com uma elevada posse de bola, mas sem conseguir profundidade. A equipa de Scaloni bem procurou aberturas, indo primeiro ao lado de Molina (direito), para encontrar uma porta bem fechada, para depois arrepiar caminho, fazendo a bola percorrer todo o campo, picotada por Messi, Enzo Fernández e Papu Gomez, para chegar ao corredor de Acuña, do lado contrário, e encontrar outra porta fechada.

A Austrália também não fez muito mais do que já descrevemos, procurando fechar portas atrás de portas, com uma pressão constante sobre o detentor da bola e, quando tinha a bola, procurava um futebol mais direto, com pontapé para a frente, mas sem muito sucesso neste capítulo.

Depois de mais de meia-hora sem um único remate enquadrado, a Argentina chegou ao golo num lance de bola parada, com o incontornável Messi na jogada. Na sequência de um canto, o craque argentino recuperou a bola sobre a direita, combinou com Mac Alister que, por sua vez, deu a Otamendi que devolveu a Messi. Com muitos australianos pela frente, o número dez conseguiu encontrar uma via rápida para as redes. Estava feito. Além de marcar no jogo mil (789 golos), Messi marcou também pela primeira vez num jogo a eliminar de um Mundial.

Esperava-se uma reação dos australianos, mas o jogo voltou à mesma lenga-lenga, com a Argentina a gerir a vantagem com posse de bola. Os sul-americanos chegavam ao intervalo com um pé nos «quartos», mas não estavam a jogar bem. Scaloni procurou corrigir isso, prescindindo de Papu Gomez para lançar Lisandro Martínez para o centro da defesa. Não foi para defender o resultado, mas sim, com três centrais, libertar Molina e Acuña de amarras.

Brinde de Ryan e autogolo de Enzo

A segunda parte começou como acabou a primeira, com a Argentina a rodar a bola e os australianos a correr atrás dela. Com os laterais mais soltos nos corredores, os argentinos conseguiam pressionar mais alto, tão alto que Ryan acabou por atrapalhar-se e, ao tentar driblar De Paul, acabou por oferecer a bola a Julian Álvarez que atirou a contar para o segundo da Argentina.

Ao fim de uma hora de jogo parecia estar tudo resolvido, até porque continuava a não haver nada parecido com uma reação da Austrália. Os cangurus pareciam esgotados nesta altura, em que Di Maria, no banco, já cantava também com os adeptos e marcava o ritmo com uma garrafa de plástico.

Mas as pulsações ainda haveriam de subir. A quinze minutos do final, um Goodwin recuperou uma bola perdida à entrada da área, rematou forte com o pé esquerdo, a bola sofreu um desvio no corpo de Enzo e enganou Martínez. O jogo animou.

A Argentina teve ainda três ou quatro oportunidades para matar o jogo antes dos noventa, com Lautaro Martinez, mais uma vez, muito perdulário, mas foi adiando o veredicto e, já em tempo de compensação, a Austrália ameaçou o empate. Bola perdida na área, Martinez sai da baliza e Kuol remata à meia volta, mas a bola não chegou à linha fatal.

A Argentina segue, assim, em prova e volta a jogar já na próxima sexta-feira frente aos Países Baixos, a outra equipa já apurada para a próxima fase.

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