Por que razão as mulheres em cargos de liderança estão mais propensas do que nunca a desistir

CNN , Jeanne Sahadi
24 out 2022, 08:00
Reunião (Adobe Stock)

Quando se trata de ser promovido a um cargo de chefia, os homens ainda detêm uma certa vantagem. E as mulheres que ascendem a papéis de liderança estão mais propensas do que os colegas homens a verem a sua autoridade minada, bem como a verem alguns dos seus esforços não reconhecidos.

Como resultado da pandemia, elas estão agora mais propensas do que nunca a desistir. Isto deve-se às insatisfações no trabalho.

Tal situação foi constatada no estudo sobre as Mulheres no Local de Trabalho 2022, da McKinsey & Company, em parceria com a LeanIn.Org. Este é um grande estudo anual sobre as mulheres empregadas nos Estados Unidos e os dados sobre os trabalhadores em centenas de empresas participantes.

Entre os empregadores estudados, o estudo constatou que por cada 100 homens promovidos de um emprego de nível básico ao cargo de diretor, apenas 87 mulheres progridem na carreira. Em geral, nos dados analisados, 60% dos diretores eram homens.

Os autores escreveram: "Pelo oitavo ano consecutivo, continuam a existir discrepâncias na promoção das mulheres para cargos de chefia. Isso atrasa a sua progressão na carreira. Como resultado, os homens ultrapassam, significativamente, as mulheres em cargos de chefia, algo que estas nunca podem alcançar. Simplesmente, há poucas mulheres para promover em cargos de liderança sénior."

De acordo com este estudo, a classificação da hierarquia de liderança também permanece, predominantemente, masculina e branca. Apenas um em cada quatro líderes era uma mulher e, somente, 1 em 20 era uma mulher de cor.

"Apesar das conquistas modestas de representação em cargos de liderança sénior nos últimos oito anos, as mulheres - e sobretudo as mulheres de cor - ainda estão dramaticamente subrepresentadas na América empresarial", observaram os autores do estudo.

Obstáculos que as mulheres líderes ainda enfrentam

Embora as mulheres sejam tão propensas como os homens a procurarem cargos mais altos, uma vez que fazem parte deles, elas tendem a enfrentar mais microagressões, que minam a sua autoridade e enviam sinais de que será difícil para elas progredirem, afirmou o estudo McKinsey/LeanIn.Org.

Constatou-se que 37% das mulheres líderes entrevistadas (definidas como diretoras ou com cargos superiores) relataram que um colega de trabalho ficou com o mérito pela sua ideia, contra 27% dos líderes homens. Era mais provável que elas fossem duas vezes mais enganadas do que os seus colegas homens por alguém num cargo inferior.

Para as mulheres líderes negras, esta situação é pior. O estudo constatou, por exemplo, que elas eram 1,5 vezes mais propensas do que as mulheres líderes, em geral, a terem colegas a dizer ou a insinuar que estas não estão qualificadas para os seus trabalhos.

De acordo com o relatório, no geral, as mulheres líderes também têm duas vezes mais hipóteses de gastar tempo e energia substanciais a apoiar o bem-estar dos funcionários, bem como a incentivar a diversidade, a equidade e a inclusão. No entanto, não são recompensadas por isso.

Das mulheres líderes entrevistadas, 40% disseram que os seus esforços para a diversidade, equidade e inclusão não são reconhecidos em avaliações de desempenho.

Mulheres mais prontas a abandonarem os seus empregos para conseguirem o que querem

As mulheres que conseguem alcançar cargos de liderança indicaram que, mais do que nunca, procuram mais nos seus empregos. Para tal, estão dispostas a “abandonar o barco” para obtê-lo, mostrou o estudo.

Cerca de metade (49%) das mulheres líderes entrevistadas disseram que a flexibilidade está entre os três principais aspetos a ter em consideração quando decidem juntar-se ou sair de uma empresa, contra 34% dos líderes homens.

E as mulheres líderes eram 1,5 vezes mais propensas do que os seus pares homens a deixarem um emprego, de maneira a procurarem uma posição num empregador mais empenhado no que toca à diversidade, equidade e inclusão.

Os autores do estudo observaram: "As mulheres líderes estão a deixar as empresas a um ritmo mais alto de todos os tempos. A diferença entre as mulheres e os homens líderes que saem das empresas é a maior que já existiu.”

Como ponto de perspetiva, eles acrescentaram: "Por cada mulher com um cargo de diretora que é promovida para o próximo nível, duas mulheres diretoras optam por deixar a sua empresa."

As empresas interessadas em empregar mais mulheres em cargos de liderança podem tomar nota desta descoberta:

Entre as funcionárias, com menos de 30 anos, que foram entrevistadas, quase dois terços disseram que estariam mais interessadas em progredir no trabalho, caso vissem que os líderes seniores demonstravam o tipo de equilíbrio entre vida profissional e trabalho que as mulheres procuram para si mesmas.

"As empresas que não tomam medidas podem sentir dificuldades para recrutar e reter a próxima geração de mulheres líderes. Para as empresas onde já se notam discrepâncias nas ramificações dos cargos de liderança, isso tem implicações particularmente preocupantes", escreveram os autores do estudo.

O estudo McKinsey/LeanIn.Org baseia-se numa pesquisa feita com mais de 40 mil funcionários de 55 empresas. Entrevistaram-se algumas dezenas de pessoas envolvidas neste estudo, além da pesquisa e de potenciais candidatos, bem como outros dados de 333 empresas. Tudo junto, representam mais de 12 milhões de funcionários nos EUA e no Canadá.

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