Vacinas contra o cancro podem chegar “antes de 2030”, afirmam fundadores da BioNTech

16 out 2022, 22:00
Pfizer

Estão em andamento vários testes e os cientistas que desenvolveram a vacina da covid-19 estão confiantes de que este tratamento pode estar para breve

Podem mesmo estar a chegar mais cedo do que se pensa. As vacinas contra o cancro podem estar disponíveis mesmo antes do final desta década, de acordo com o casal de cientistas que esteve por detrás do desenvolvimento da vacina contra a covid-19 da BioNTech.

Uğur Şahin and Özlem Türeci, que co-fundaram a empresa alemã que fabricou em parceria com a Pfizer a vacina de mRNA contra a covid-19, deram uma entrevista à BBC onde expressaram muito otimismo em relação ao futuro desta tecnologia, que poderá ser redirecionada para o combate do sistema imunitário contra as células cancerígenas.

Segundo estes dois especialistas, a BioNTech tem vários testes em andamento, incluindo um em que os pacientes recebem uma vacina personalizada, para estimular seu sistema imunológico a atacar sua doença, com a tecnologia de mRNA a enviar uma instrução às células para produzir um antigénio ou proteína.

"O mRNA age como modelo e permite dizer ao corpo para produzir o medicamento (…) neste caso, antigénios do cancro que distinguem as células cancerígenas das células normais”, explicou a professora Türeci.

Os testes para o tratamento para vários tipos de cancro com recurso a vacinas de mRNA começaram muito antes da pandemia e, atualmente, estão a apresentar sinais encorajadores. Ainda assim, e apesar das “várias descobertas” feitas, os cientistas apelam à cautela, uma vez que muitos testes promissores de tratamento de cancro acabam por falhar. Questionados sobre quando é que estas vacinas estariam prontas a ser utilizadas, o professor Sahin apontou para “antes de 2030”.

A empresa alemã espera desenvolver tratamentos para o cancro de intestino, melanoma e outros tipos da doença, mas há obstáculos substanciais pela frente. As células cancerígenas que compõem os tumores podem ser embutidas com uma grande variedade de proteínas diferentes, tornando extremamente difícil fazer uma vacina que atinja somente todas as células cancerígenas e nenhum tecido saudável.

Em agosto, a Moderna afirmou que ia avançar com um processo contra a BioNTech e sua parceira, a gigante farmacêutica Pfizer, por alegada violação de patente sobre a vacina covid-19 da empresa, algo que os dois cientistas disputam.

“As nossas inovações são originais. Passámos 20 anos de pesquisa no desenvolvimento deste tipo de tratamento e é claro que vamos lutar por nossa propriedade intelectual”, insistiu o professor Sahin na entrevista.

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