Entre os feridos, a maior parte por inalação de fumos, estão quatro crianças. Carlos Moedas dirigiu-se ao local e lamentou o incidente: "Infelizmente as coisas correram muito mal"
Um incêndio num prédio na Mouraria, em Lisboa, fez pelo menos dois mortos e 14 feridos na noite de sábado.
Segundo apurou a CNN Portugal junto do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, o alerta foi dado às 20:32 para a Rua do Terreirinho. Há registo de duas vítimas mortais e 14 feridos - a maior parte por inalação de fumos - alguns dos quais a necessitar de assistência hospitalar e encaminhados para os Hospitais de São José e Santa Maria. Entre os feridos estão quatro crianças.
Os dois adultos e duas crianças que foram transportados para a urgência do Hospital de Santa Maria receberam alta durante a noite, disse à agência Lusa fonte da unidade hospitalar.
“Precisavam de receber oxigénio, mas não inspiravam cuidados”, afirmou fonte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.
As cinco pessoas que deram entrada no sábado no Hospital de São José, em Lisboa, também já tiveram alta.
Tiago Lopes, porta-voz do Regimento de Sapadores Bombeiros, adiantou aos jornalistas no local que as vítimas viviam todas no rés-do-chão do prédio, onde deflagrou o incêndio. As causas ainda estão por apurar.
Cerca das 21:50 o fogo já se encontrava extinto, mas os serviços de emergência permaneciam no local. A Polícia Judiciária vai abrir uma investigação.
À Lusa, Margarida Castro, diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, afirmou que as pessoas que estavam no prédio eram todas estrangeiras, maioritariamente do continente asiático. As informações preliminares de que dispõe indicam que além dos dois mortos, também estrangeiros, das 14 vítimas do incêndio transportadas para hospitais duas são de nacionalidade argentina e 11 da Península do Industão, região asiática que compreende países como a Índia, Paquistão, Bangladesh e Nepal.
Um português ficou também ferido mas é uma “vítima colateral”, porque não estava no prédio aquando do incêndio. Margarida Castro disse que o prédio, apesar de o incêndio ter sido apenas no rés-do-chão, ficou inabitável e que na segunda-feira será feita uma vistoria.
"Infelizmente as coisas correram muito mal"
Cerca das 23:00, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, deslocou-se ao local e, em conferência de imprensa, lamentou as vítimas do incêndio. "É dramático, não esperávamos que isto acontecesse", afirmou, salientando a rápida resposta das autoridades, que "em quatro minutos estavam todos a trabalhar no terreno".
"Infelizmente as coisas correram muito mal. Foi um fogo que rapidamente deflagrou e neste momento temos dois mortos a lamentar e é isso que me custa", salientou.
O autarca garantiu, contudo, que "ninguém vai ficar sem teto" e que está a trabalhar para realojar os desalojados. “Toda a gente vai ter onde dormir. Os desalojados são alguns, não tenho os números mas vamos ajudar todos”, reiterou.
Carlos Moedas deixou ainda “uma palavra” de apoio às famílias das vítimas e disse que os feridos estão a ser acompanhados. O autarca remeteu para mais tarde outras informações, nomeadamente sobre se as vítimas do incêndio, que foi extinto em pouco mais de meia hora, viviam todas no mesmo local.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, não descarta que o edifício se trate de um alojamento local ilegal. "E há aqui muito alojamento local clandestino, isso posso dizer que há".
Marcelo lamentou mortes
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou ainda no sábado à noite com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, para “se inteirar das consequências” do incêndio na Mouraria, lamentando a perda de vidas humanas.
“O Presidente da República falou esta noite com o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa para se inteirar das consequências do incêndio esta noite na Mouraria, lamentando a perda de vidas humanas e inteirando-se da situação das pessoas afetadas”, pode ler-se numa mensagem enviada à agência Lusa sábado à noite a propósito do incêndio num prédio na Mouraria que fez dois mortos e 14 feridos.
Segundo a mesma nota, Carlos Moedas “explicou a Marcelo Rebelo de Sousa os contornos conhecidos daquele lamentável incêndio, bem como das iniciativas já tomadas pela câmara municipal para alojar e acompanhar a situação das pessoas afetadas”.