Uma parcela cada vez maior das mortes por covid-19 situa-se entre os vacinados, mas as doses de reforço reduzem substancialmente o risco

CNN , Deidre McPhillips
15 mai 2022, 21:00
Vacina contra a covid-19. (AP Photo/Matt Rourke, File)

As evidências continuam a acumular-se em torno da importância crítica das doses de reforço

Depois de as vacinas da covid-19 se terem tornado amplamente disponíveis, vimos surgir uma grande diferença nas mortes entre os vacinados e os não vacinados. Mas as mortes recentes por covid são divididas de forma muito mais uniforme à medida que as variantes altamente transmissíveis se instalam, a proteção da vacina diminui e a adoção da dose de reforço estagna. 

As novas infeções tornaram-se mais comuns nos últimos meses, colocando as populações vulneráveis em maior risco de doenças graves ou morte, à medida que mais e mais variantes transmissíveis continuam a espalhar-se. Isso parece ser especialmente verdade para os idosos nos Estados Unidos, que foram dos primeiros a receber a série inicial de vacinas. 

Na segunda quinzena de setembro - o auge da vaga Delta - menos de um quarto de todas as mortes por covid-19 aconteceram entre pessoas vacinadas, segundo os dados federais. Mas, em janeiro e fevereiro, durante o aumento da variante Ómicron, mais de 40% das mortes por covid-19 aconteceram entre pessoas vacinadas. 

As vacinas contra a covid-19 salvaram milhões de vidas nos Estados Unidos desde que a primeira dose foi administrada em dezembro de 2020, e os não vacinados ainda têm muito mais hipóteses de serem hospitalizados ou de morrerem do que as pessoas vacinadas com pelo menos duas doses da Moderna ou da vacina de mRNA da Pfizer/BioNTech, ou com a dose única da vacina Johnson & Johnson. 

Mas as evidências continuam a acumular-se em torno da importância crítica das doses de reforço. 

Entre as pessoas vacinadas que morreram com covid-19 em janeiro e fevereiro, menos de um terço recebeu a dose de reforço, segundo uma análise da CNN aos dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA. Os dois terços restantes tinham recebido apenas as duas doses iniciais. 

No geral, o risco de morrer de covid-19 ainda é cerca de cinco vezes maior para as pessoas não vacinadas do que para as vacinadas com pelo menos duas doses, mostram os dados do CDC. 

Mas também há uma disparidade significativa segundo o nível de vacinação: quando ajustadas à idade, as pessoas vacinadas apenas com as duas primeiras doses enfrentaram um risco três vezes maior de morrer do que aquelas que também receberam a dose de reforço. 

O CDC incentiva as pessoas a estarem “atualizadas” em relação às vacinas covid-19 - o que inclui receber os reforços no momento apropriado - mas ainda define uma pessoa como “totalmente vacinada” se tiver recebido, pelo menos, as duas doses iniciais. 

Mas, nesta semana, um alto funcionário da administração Biden foi mais direto: todos os adultos precisam de uma terceira dose. 

A vacinação é a melhor maneira de os indivíduos se protegerem contra a covid-19, e a proteção é mais eficaz com pelo menos três doses, disse o mesmo funcionário. 

Outros sublinharam a importância dos reforços para salvar vidas também. 

“Neste país, quase ninguém devia estar a morrer com covid” com as vacinas atualizadas e os tratamentos antivirais apropriados, disse ao “CNN Newsroom” o Dr. Robert Califf, comissário da FDA dos EUA. 

“Aquilo com que nos devíamos preocupar era em obter os reforços de que precisamos para nos mantermos atualizados, para que assim, com as novas variantes que temos, não haja mortes e internamentos desnecessários.” 

Os reforços beneficiam mais os idosos de alto risco 

No primeiro ano da pandemia, antes de as vacinas estarem disponíveis, a grande maioria das mortes por covid-19 - mais de 80% - aconteceu entre os idosos com 65 anos ou mais. 

Em 2021, especialmente durante a vaga da variante Delta, a idade média das pessoas que morreram de covid-19 baixou para um escalão mais jovem. Menos de 60% dos que morreram em setembro tinham 65 anos ou mais, segundo dados provisórios do CDC. 

Mas 2022 é muito mais parecido com 2020 e com a primeira vaga de inverno. Até agora, este ano, cerca de três quartos de todas as mortes por covid-19 aconteceram entre os idosos. 

Estudos sugerem que a eficácia da vacina contra a covid-19 diminui com o tempo. Dados do CDC publicados em janeiro descobriram que o reforço foi 90% eficaz na prevenção dos internamentos durante um período em que a Ómicron era a variante dominante. Em comparação, ter as duas doses das vacinas foi 57% eficaz, quando já tinham passado pelo menos seis meses desde a segunda dose. 

A grande maioria dos idosos completou a série das duas doses há mais de um ano. E embora a adoção da dose de reforço entre os idosos seja maior do que noutras faixas etárias, menos de dois terços dos idosos receberam uma dose de reforço. 

O CDC recomenda agora uma segunda dose de reforço para essa faixa etária também, e a aceitação é ainda menor. 

A análise da CNN aos dados do CDC dos últimos meses sugere que as disparidades de risco entre as pessoas vacinadas que recebem a dose de reforço em comparação com aquelas que têm apenas as duas doses iniciais são mais proeminentes entre essa faixa etária vulnerável. 

As mortes por covid-19 são evitáveis 

As mortes diárias por covid-19 nos EUA caíram para uma fração do que eram em janeiro e fevereiro, durante a vaga Ómicron, mas ainda há centenas de pessoas a morrer todos os dias. 

Os casos estão a aumentar em quase todos os estados, neste momento, e a Casa Branca alertou que uma nova vaga, no próximo outono e inverno, pode causar 100 milhões de novos casos, aumentando o potencial de doença grave e perdas trágicas. 

Mas os especialistas dizem que temos as ferramentas necessárias para garantir que as infeções não se tornem trágicas. 

Aumentar o número de americanos com a dose de reforço contra a covid-19 pode fazer uma grande diferença, à medida que o país avança para o outono e o inverno, disse na segunda-feira Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA. 

"É realmente importante tentarmos que metade - ou um pouco mais de metade - dos norte-americanos que receberam apenas duas doses obtenham a dose de reforço”, disse ele. “Isso pode fazer a diferença, daqui para frente, e pode fazer a diferença especialmente agora que estamos a entrar numa nova vaga de covid-19.” 

E.U.A.

Mais E.U.A.

Mais Lidas

Patrocinados