Bebé nasceu com 772 gramas, sendo encaminhado para "unidade de cuidados intensivos neonatais por prematuridade". Já a mãe ficou internada nos cuidados intensivos, vindo a falecer
A diretora do Serviço de Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, Luísa Pinto, afirmou esta segunda-feira, em declarações à CNN Portugal, que o hospital só tinha duas vagas e optou por manter uma grávida de gémeos que se encontrava no hospital, optando por transferir a mulher que acabou por morrer, "uma vez que se encontrava estável".
A situação, explicou, aconteceu devido a "uma falta de vagas no Serviço de Neonatologia", algo que "não é inédito" no Santa Maria, uma vez que se trata de um "hospital terciário". O facto de a grávida se encontrar estável levou o hospital a optar por transferir a paciente.
"A paragem cardiorrespiratória não era previsível numa situação de pré-eclampsia. Esta situação não era esperada, muito menos numa pessoa que já se encontrava estabilizada. Neste momento, estamos a aprofundar todos os dados e está a decorrer uma investigação para apurarmos a causa da morte", indicou a diretora do Serviço de Obstetrícia.
Luísa Pinto esclareceu também que, neste momento, o Serviço de Neonatologia do CHULN tem 16 camas, oito de cuidados intermédios e oito de cuidados intensivos, acrescentando que é "urgente aumentar a capacidade", uma vez que o serviço recebe "muitas situações de risco".
"Do que sabemos até agora, a conduta clínica não tem nada a apontar. A grávida foi estabilizada e só depois é que foi transferida. Foi transferida com a terapêutica que tinha de ter em curso e foi acompanhada por um médico. Foi uma situação completamente inesperada", insistiu.
Também o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) reagiu esta segunda-feira à morte da grávida de 34 anos no último sábado. Num comunicado enviado à CNN Portugal, o CHULN sublinhou que a mulher deu entrada no Hospital de Santa Maria, "por volta das 02:00 da manhã. Tratava-se de uma grávida de nacionalidade indiana, residente na Índia e recém-chegada a Portugal, sem dados de vigilância da gravidez". A mulher recorreu ao serviço de urgência por "dificuldade respiratória e tensões arteriais altas".
"Após normalização das tensões arteriais e franca melhoria respiratória, foi transferida cerca das 13:00 do mesmo dia para o Hospital São Francisco Xavier, por ausência circunstancial de vagas de Neonatologia no CHULN, acompanhada por um médico e enfermeiros", pode ler-se na nota.
Durante a transferência, detalha o hospital, a paciente sofreu uma "paragem cardiorrespiratória" e foi efetuada a "reanimação no transporte". Na chegada ao hospital a grávida "foi submetida a uma cesariana urgente".
O bebé nasceu com 772 gramas, sendo encaminhado para "unidade de cuidados intensivos neonatais por prematuridade". Já a mãe "ficou internada nos cuidados intensivos, vindo a falecer". "Falecimento que o CHULN lamenta, endereçando à família as mais sentidas condolências", termina a nota.