DGS cria comissão para analisar mortalidade materna no parto. Número é o mais alto dos últimos 38 anos

24 mai 2022, 07:39
Grávida

REVISTA DE IMPRENSA. Em 2020, morreram 17 mulheres durante a gravidez, parto ou até 42 dias depois do nascimento do bebé

A taxa de mortalidade materna atingiu em 2020 os 20,1 óbitos por cada 100 mil nados-vivos, o número mais alto dos últimos 38 anos, levando a Direção-Geral da Saúde (DGS) a criar uma comissão multidisciplinar para investigar as mortes, avança esta terça-feira o Jornal de Notícias. No total, morreram 17 mulheres no período estipulado pela Organização Mundial de Saúde para ser considerada mortalidade materna, critério que é seguido pela DGS: a morte ocorre enquanto a mulher está grávida ou até 42 dias após o termo da gravidez. Para além destes 17 óbitos, contabilizados nas séries do Instituto Nacional de Estatística, foram ainda registadas outras duas mortes que, segundo a DGS, ocorreram entre os 43 dias e um ano após o parto, sendo por isso consideradas mortes maternas tardias.

Das mortes registadas em 2020, o primeiro ano da pandemia, a DGS diz ao JN que oito aconteceram durante a gravidez, uma durante o parto e oito no puerpério. Todos os óbitos têm como causa complicações da gravidez, parto e puerpério.

O jornal refere ainda que, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), das 19 mortes - contabilizando as duas mortes tardias - nove ocorreram na faixa etária entre os 35 e os 44 anos, oito entre os 25 e os 34 anos, uma na faixa etária dos 16 aos 24 e outra entre os 55 e os 64. 

Ao JN, a DGS adianta que, desde o início do ano, "foi atribuída prioridade de codificação às mortes maternas, para que o processo de investigação através de um inquérito epidemiológico possa ser o mais célere possível para garantir maior qualidade da informação necessária ao estudo e investigação do fenómeno".

Diogo Ayres-de-Campos, especialista que integra a Comissão de Acompanhamento da Mortalidade Materna, diz ao JN que a explicação para a subida das mortes pode explicars-se por uma "degradação dos cuidados obstétricos", bem como pelo aumento da idade das grávidas e o aumento das patologias, defendendo que "tem de se investigar cada uma das situações".

Segundo as séries do INE, uma taxa superior de mortalidade materna foi registada em 1982, com 22,5 óbitos por 100 mil nados-vivos.

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