Marcelo assume que teve tensões (ou "flutuações de conjuntura") com Balsemão mas: "Ele nunca deixou de me convidar para os encontros de Cascais"

CNN Portugal , MCC
22 out, 00:06
Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão e Augusto Carvalho, numa reunião aquando do lançamento do ExpressoMarcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão e Augusto Carvalho, numa reunião aquando do lançamento do Expresso, em 1972 (DR/Expresso)

Declarações exclusivas do Presidente da República à CNN Portugal

O Presidente da República reagiu esta terça-feira à morte de Francisco Pinto Balsemão, descrevendo-o como “um visionário, um lutador e um otimista incansável”, mas também recordando os momentos de tensão que marcaram a relação entre ambos ao longo de décadas de vida pública.

“Mesmo nos períodos mais atribulados do relacionamento, nunca nenhum de nós pôs em causa o relacionamento no plano do Estado, no plano patriótico, no plano das instituições. Isso é muito civilizado, é próprio da democracia”, diz Marcelo Rebelo de Sousa em declarações exclusivas à CNN Portugal.

O chefe de Estado sublinha que, apesar das divergências políticas e pessoais, o fundador do Expresso e antigo primeiro-ministro manteve sempre “uma afetividade que o caracterizava”. “Dou o exemplo: ele nunca deixou de me convidar para os encontros de Cascais como orador privilegiado, independentemente de flutuações da conjuntura”, contou Marcelo.

O Presidente diz que sente “um choque pessoal” com a morte de Balsemão, com quem manteve contacto desde os anos 60. “Muitos portugueses têm presente o papel de Francisco Pinto Balsemão no nascimento da democracia portuguesa e nos primeiros 50 anos da democracia.”

Marcelo destaca ainda o papel “fundamental” que o antigo líder do PSD teve na consolidação do Estado de Direito e na revisão constitucional que pôs fim à transição revolucionária. “Foi um homem que esteve sempre antes do seu tempo.”

O Presidente lembra também o último encontro com Balsemão, no Conselho de Estado: “Veio já com alguma dificuldade, mas mesmo assim não quis deixar de estar presente porque sentiu que era importante o seu testemunho.”

Marcelo adianta ainda que aguarda a definição das cerimónias fúnebres pela família e o envio do diploma do Governo para decretar o luto nacional.

“Foi um dos dez nomes mais significativos do nascimento da democracia portuguesa”, conclui o chefe de Estado.

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