"Queremos parar a transmissão de pessoa para pessoa". OMS acredita que a transmissão do vírus Monkeypox pode ser interrompida

Agência Lusa , BCE
23 mai 2022, 18:10

De acordo com uma especialista da OMS, os dados conhecidos para já não permitem dizer que se registou uma mutação do vírus, mas está a ser recolhida mais informação através da sua sequenciação

A transmissão do vírus Monkeypox pode ser interrompida na Europa, afirmou esta segunda-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), que regista menos de 200 casos confirmados e suspeitos em países não endémicos.

“Queremos parar a transmissão de pessoa para pessoa. Podemos fazer isso nos países não endémicos. Estamos numa situação em podemos usar as ferramentas de saúde pública para uma rápida identificação e isolamento dos casos”, adiantou Maria Van Kerkhove, especialista da OMS para área das doenças emergentes e zoonoses (doenças de animais que são transmissíveis ao homem).

Numa situação de esclarecimento sobre a Monkeypox, que já tem 37 casos confirmados em Portugal, a epidemiologista da OMS salientou ainda que, conforme a vigilância se vai intensificando, é expectável que mais casos de infeção sejam detetados, mas atualmente não chegam às duas centenas de confirmados e suspeitos na Europa e América do Norte.

“Estamos a falar de menos de 200 casos de casos confirmados e suspeitos até agora, mas isso pode mudar com o tempo”, alertou Maria Van Kerkhove, ao reiterar que a situação atual é “controlável particularmente nos países que estão a assistir a surtos na Europa e na América do Norte”.

De acordo com Rosamund Lewis, especialista em varíola do programa de emergências da OMS, esta não é uma doença nova, uma vez que têm sido detetados casos de infeção pelo menos há 40 anos e que tem ainda “sido bem estudada na região africana”.

“Temos visto poucos casos na Europa nos últimos cinco anos e todos ligados a viajantes, mas esta é a primeira vez que estamos a ver casos em muitos países ao mesmo tempo em pessoas que não viajaram para as regiões endémicas de África”, reconheceu Rosamund Lewis.

Dados não demonstram mutação do vírus

De acordo com a especialista, os dados conhecidos para já não permitem dizer que se registou uma mutação do vírus, mas está a ser recolhida mais informação através da sua sequenciação.

“São vírus que tendem a não mutar e são muito estáveis”, salientou Rosamund Lewis.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) adiantou, em comunicado, que foram confirmados mais 14 casos de infeção humana por vírus Monkeypox pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o que fez aumentar para 37 o número total de casos confirmados até ao momento em Portugal.

Segundo a DGS, estão em curso os inquéritos epidemiológicos dos casos suspeitos que vão sendo detetados, com o objetivo de identificar cadeias de transmissão e potenciais novos casos e respetivos contactos.

O vírus Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

O primeiro caso humano de infeção com o vírus Monkeypox foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.

Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a Monkeypox.

Relacionados

Covid-19

Mais Covid-19

Patrocinados