Menção honrosa para o momento entre Will Smith e Chris Rock, que não se percebeu bem se fazia parte do humor
A 94.ª edição dos Óscares marcou o regresso das galas ao Dolby Theatre, que o ano passado ficou vazio, por causa da pandemia de covid-19. Numa cerimónia com muitas novidades, as três apresentadoras (Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes) começaram logo por uma piada de igualdade de género, sem depois falharem os já clássicos temas.
“Este ano a Academia contratou três mulheres para apresentarem, porque é mais barato do que contratar um homem”, disse a humorista Amy Schumer, numa referência à disparidade de salários que existe em Hollywood.
A abertura seguiu depois para o tema do racismo. Regina Hall confessou-se “excitada por apresentar, representando as mulheres negras”, enquanto Amy Schumer admitiu estar a “representar as insuportáveis mulheres brancas que chamam os polícias” quando os negros fazem muito barulho.
Numa troca de palavras a grande velocidade, seguiu-se aquele que foi o tema dominante nos últimos dois anos: a covid-19. A ausência da obrigatoriedade de mascara mereceu um reparo sarcástico, sendo que Regina Hall aproveitou para chamar ao palco, de forma “aleatória”, os atores Bradley Cooper, Timothée Chalamet, Tyler Perry e Simu Lee, dizendo-lhes que alguns resultados de testes à covid-19 (obrigatórios para entrar) tinham sido perdidos. Isso mesmo faria com que os quatro artistas tivessem de ser levados de volta aos bastidores para uma nova testagem.
“Como sabem, todos aqui foram testados para a covid-19. Mas, infelizmente, alguns resultados perderam-se. Então, antes de prosseguirmos, temos de fazer alguns testes de emergência. Não se preocupem, são só algumas pessoas, totalmente aleatório”, disse a apresentadora, enquanto os atores aguardavam para saberem a sua sorte.
Seguiu-se a troça às escolhas do júri, que deixou de fora Rachel Zegler por “West Side Story”, Jennifer Hudson por “Respect”, mas também Lady Gaga e Jared Leto pela participação no filme que, segundo Wanda Sykes, se chamava “A Casa dos Acentos à Toa”, referindo-se ao filme “A Casa Gucci”.
“Fiquei muito desapontada que o “Space Jam 2” não tenha sido nomeado para a categoria de Efeitos Visuais pelo corte de cabelo que deram ao LeBron James. Estava muito bom”, acrescentou Regina Hall.
Voltando ao “West Side Story”, Rachel Zegler confessou uma curiosidade: “Há seis dias nunca pensei que estaria aqui hoje”, disse, revelando que ao início não tinha sido convidada para a cerimónia.
Mas a abertura terminou com nova referência a um tema recorrente: “Vamos ter uma grande noite, e para as pessoas na Florida, vamos ter uma noite gay”, disse Wanda Sykes, com Amy Schumer e Regina Hall a juntarem-se: “Gay! Gay! Gay!”.
A referência mistura a liberdade de orientação sexual com a política, uma vez que se referia a protestos na Florida, estado norte-americano que aprovou uma lei anti-LGBT.
As apresentadoras acabaram por dispersar em torno de toda a sala, mas também para lá dela. Em Los Angeles foi recentemente inaugurado o Museu de Filmes da Academia, uma obra que custou mais de 400 milhões de euros, e que exibe vários momentos dos 94 anos de Óscares. Muitos artistas doaram dinheiro para a construção do espaço. Uma delas, Wanda Sykes, enviou mesmo 15 dólares, pelo que decidiu ir ver se tinha valido a pena, referindo que só aceitou fazer a visita para verificar se o dinheiro que deu tinha valido a pena.
De volta ao palco, cada uma das apresentadoras encarnou uma personagem. Amy Schumer desceu de uma teia vestida de Homem-Aranha, enquanto Wanda Sykes encarnou Richard Williams, a espetacular personagem de Will Smith no filme “King Richard – Para Além do Jogo”, que lhe valeu o Óscar de Melhor Ator. Já Regina Hall decidiu vestir-se como Tammy Faye.
Nota ainda para um momento a meio da cerimónia, que está a ser entendido entre a polémica e a comédia. Depois de uma piada de Chris Rock sobre a mulher de Will Smith, o ator galardoado esta noite acabou por lhe responder a seco. Mais tarde, desferiu-lhe mesmo uma chapada em palco, não se percebendo se toda a cena foi a brincar ou não.
Tudo sanado, regresso ao palco, para uma despedida com direito a pijamas.