A empresa tenta agora negociar um acordo com mais de 200 mulheres que acusaram o milionário
Sessenta e cinco novas mulheres apresentaram alegações de abuso contra o bilionário Mohamed Al Fayed, segundo informa a BBC, na sequência do documentário da estação que detalhava os testemunhos de mulheres que afirmaram que o próprio as tinha violado e agredido sexualmente.
As alegações remontam a 1977, no Dubai - oito anos antes de Al Fayed comprar os grandes armazéns londrinos de luxo Harrods, o que o tornou amplamente conhecido no Reino Unido.
Entre as dezenas de mulheres que contactaram a BBC com novos relatos de abusos, 37 disseram ter trabalhado no Harrods, informou a emissora britânica.
Como parte da investigação da BBC publicada no mês passado, mais de 20 ex-funcionárias do Harrods já tinham acusado Al Fayed, que morreu no ano passado aos 94 anos, de as ter agredido sexualmente. Uma delas afirmou ter sido agredida quando tinha apenas 15 anos e Al Fayed, 79.
A Harrods reconheceu que Al Fayed “tinha a intenção de abusar do seu poder onde quer que operasse” e pediu desculpa às vítimas num comunicado divulgado na altura. “Estamos absolutamente chocados com as alegações de abuso consumadas por Mohamed Al Fayed”, defendeu a empresa.
As alegadas agressões terão ocorrido em diversos locais, incluindo o luxuoso edifício de apartamentos de Al Fayed em Londres e o hotel Ritz em Paris, de que Al Fayed era proprietário.
O filho de Al Fayed, Dodi Fayed, morreu em 1997, juntamente com a princesa Diana, num acidente de viação a alta velocidade na capital francesa.
As últimas alegações envolvem uma série de táticas de abuso, incluindo várias mulheres que afirmaram ter sido recrutadas sob falsos pretextos para trabalhar nas residências privadas de Al Fayed como amas, cozinheiras e empregadas domésticas e depois exploradas sexualmente, informou a BBC.
“O trabalho simplesmente não existia. Ele não precisava de uma ama. Não queria uma ama”, contou uma mulher à BBC a propósito do seu trabalho na mansão de Al Fayed em Surrey, Inglaterra, onde diz ter sido mantida contra a sua vontade e repetidamente agredida sexualmente durante vários dias.
Na declaração emitida no mês passado, o Harrods afirmou que “novas informações vieram à tona” no ano passado sobre alegações históricas de abuso sexual contra Al Fayed. Desde então, dizem, “a nossa prioridade tem sido resolver as queixas da forma mais rápida possível, evitando longos processos judiciais para as mulheres envolvidas. Este processo ainda está disponível para todos os atuais ou antigos funcionários da Harrods”.
A empresa emitiu outra declaração na quinta-feira em relação às últimas alegações, onde referem que: “Desde 2023, o Harrods resolveu uma série de reclamações com mulheres que alegaram má conduta sexual por Fayed. Desde a exibição do documentário, até agora, há mais de 200 indivíduos que estão agora no processo Harrods para resolver as reivindicações diretamente com a empresa.