Cientista letão Ivar Kalvinsh indignado com a inclusão da substância na lista de produtos proibidos pela Agência Mundial Antidopagem
O cientista letão Ivar Kalvinsh revelou que há «dois milhões de pessoas que consomem regularmente» a substância Meldonium, de que foi inventor, incluída pela Agência Mundial Antidopagem (AMA) na lista de produtos proibidos desde janeiro. A mesma substância que Maria Sharapova acusou num controlo antidoping no Open da Austrália.
«Recomendo-a a todos. Eu também a tomo quando me sinto cansado. Tomo-a durante dez dias e fico como novo», assinalou Kalvinsh, de 68 anos, em declarações à agência EFE.
Kalvinsh manifestou-se «indignado» com a decisão da AMA de proibir a substância Meldonium, sem consultar o seu criador ou apresentar análises clínicas que confirmem que melhora o rendimento dos atletas profissionais. «É inadmissível que consideram dopante um fármaco que está no mercado há 32 anos», protestou, acrescentando que o Meldonium «é único» e que os países ocidentais «decidiram por isso proibi-lo».
Para Ivar Kalvinsh, «há muita política» na decisão de proibir o uso da substância. «Querem misturar desporto e política. Não há investigações que confirmem que o Meldonium é uma substância dopante. O que sucede é que se aperceberam que muitos campeões desta região, como [Maria] Sharapova a tomam, é essa a razão», afirmou.
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— Biljana B (@BBorghol) 10 março 2016
Maria Sharapova revelou na segunda-feira que teve um controlo positivo a meldonium, uma substância que toma desde 2006 e que se tornou proibida este ano, assumindo que não tinha visto a lista atualizada de produtos proibidos.
De acordo com a ITF, a russa foi controlada a 26 de janeiro no Open da Austrália, num teste que revelou a presença do produto proibido, tendo a tenista reconhecido a existência da substância. Maria Sharapova será suspensa preventivamente a partir de 12 de março, até que o caso esteja resolvido.
A russa, que venceu cinco torneios do Grand Slam, foi eliminada nos quartos de final do Open da Austrália, que se disputou no final de janeiro. No entender do cientista natural da Letónia soviética, a substância Meldonium é um fármaco destinado a «salvar vidas», especialmente útil em caso de desportistas profissionais que submetem o seu aparelho cardiovascular a esforços extremos, com os riscos inerentes.
«O atleta que toma este fármaco pode esforçar-se sem risco. Mas isso não é dopagem. O Meldonium protege o seu coração, mas o rendimento depende inteiramente das suas qualidades fisiológicas. Ninguém que o tome se torna num super-homem da noite para o dia», insistiu.