2015: bem-vindos ao melhor ano de Djokovic!

25 dez 2015, 23:23

O balanço do ano nas modalidades a nível internacional

O ano de 2015 foi definitivamente o ano de Novak Djokovic. Se tivéssemos de eleger uma figura para resumir este ano nas modalidades, o tenista sérvio estaria destacado no topo depois de ter realizado uma das melhores temporadas de sempre da Era Open, com uma sucessão impressionante de vitórias, incluindo três conquistas em quatro finais do Grand Slam.

Mas há muito mais para contar sobre este ano que passou. A nível coletivo, destacamos o «tri» da Nova Zelândia no Mundial de râguebi que decorreu, com pompa e circunstância, em Inglaterra, naquela que terá sido a melhor homenagem antes do adeus a uma lenda: Jonah Lomu. Menções honrosas também para a França de Nikola Karabatic, campeã do Mundo de andebol, e para a Espanha de Pau Gasol, campeã da Europa no basquetebol. Louvores aos feitos de Chris Froome, Ashton Eaton, Stephen Curry, Lewis Hamilton, Jorge Lorenzo, Sebastian Ogier e tantos outros.



Djokovic entrou no domínio das lendas

Não há palavras para descrever o ano de Novak Djokovic, mas há muitos números. Foi apenas o terceiro tenista a jogar as quatro finais do Grand Slam no mesmo ano, depois de Rod Laver e Roger Federer, vencendo na Austrália, nos Estados Unidos e Wimbledon, caindo apenas na terra batida de Rolland Garros. Estabeleceu um novo recorde nos torneios Masters 1000, com seis vitórias em oito finais. Disputou, ao todo, quinze finais, arrecadou onze títulos e somou mais um recorde de 31 vitórias contra adversários do top-ten do ranking ATP. Vitórias atrás de vitórias que também lhe renderam um recorde de prémios que ultrapassa os 22 milhões de dólares em 2015.

Começou o ano fazer história ao vencer pela quinta vez o Open da Austrália, mais um recorde, depois de deixar pelo caminho Milos Raonic e o detentor do título Stan Wawrinka, antes de bater Andy Murray na final. Em Rolland Garros sofreu um dos poucos revezes do ano, mas só depois de afastar o favorito Rafael Nadal e de voltar a bater Andy Murray. Na final voltou a encontrar Wawrinka e, depois de perder em quatro «sets», viu interrompida uma série de 28 vitórias e, desta forma, esfumar-se a possibilidade de fazer o pleno no Grand Slam. Voltou a sorrir em Wimbledon, repetindo a final com Roger Federer. Voltou a bater o suíço em quatro jogos na relva londrina, voltando a conquistar mais de um Grand Slam num ano, o que que não acontecia desde 2011. Mas ainda faltava o Open dos Estados Unidos onde voltou a encontrar Federer para nova vitória em quatro «sets». Com este triunfo, Djoko estabeleceu mais uma marca: tornou-se no primeiro tenista a bater todos os detentores dos títulos no Grand Slam, com exceção óbvia para Wimbledon em que já era o detentor do troféu, mas mesmo neste caso, voltou a bater o vice-campeão.
 
Nos Masters também somou vitórias atrás de vitórias, vencendo seis torneios, com o feito inédito de ter conseguido bater todos os tenistas do top-ten pelo caminho. Fechou a temporada com chave de ouro, com nova vitória sobre Roger Federer no Masters de Londres num jogo que marca bem a passagem de testemunho entre os dois senhores do ténis: 44 jogos, 22 vitórias para cada lado. Foi a quinta vez que o número um venceu o último torneio da temporada, igualando nomes como Pete Sampras e Ivan Lendl, ficando a apenas uma vitória de…Federer.



Foi definitivamente o ano de afirmação de Djokovic que, desta forma, conseguiu sair da sombra de Roger Federer e Rafael Nadal para abrir o seu espaço para o mundo das lendas do ténis. Nas contas finais, fica o registo de onze vitórias em quinze finais, incluindo três títulos de Grand Slam (Austrália, Wimbledon e Estados Unidos), seis Masters 1000 (Indian Wells, Miami, Monte Carlo, Roma, Xangai e Paris) uma no ATP World Tour 500 (Pequim).



Apesar do ano açambarcador de Djokovic, ainda sobrou espaço para outros tenistas brilharem. Stanislaw Wawrinka, por exemplo, também não deixou de fazer um ano positivo, com a final no Open da Austrália e, sobretudo, com a espetacular vitória em Rolland Garros a «roubar», como já dissemos, o pleno a Djoko. Destaque também para a vitória da Grã-Bretanha liderada por Andy Murray na Taça Davis, com uma vitória, na final, sobre a Bélgica (3-1). Um feito importante para o tenista escocês, uma vez que a Grã-Bretanha não conquistava a «saladeira» há 79 anos.

No ténis feminino, Serena Williams continua sem rival à altura, vencendo sucessivamente na Austrália, Rolland Garros e Wimbledon, falhando também o pleno no Grand Slam em casa, no Open dos Estados Unidos, caindo diante da italiana Roberta Vinci que acabaria por perder a final para a compatriota Flavia Pennetta. De qualquer forma, foi mais um ano em cheio para a tenista norte-americana que igualou o feito de Steffi Graft ao completar o segundo ano na liderança do ranking WTA.

Râguebi em festa, râguebi de luto
A seleção de râguebi da Nova Zelândia deixou marca forte em 2015 ao tornar-se na primeira seleção a renovar o título Mundial, chegando ao seu terceiro título com uma vitória marcante sobre a África do Sul. Dezoito dias depois Jonah Lomu, maior referência dos All Blacks e da modalidade, despedia-se aos 40 anos, vítima de problemas renais. Foram dias intensos para o râguebi, com a multiplicação de hakas pelo mundo inteiro, ao longo de mais um mês. Os primeiros ainda em ambiente de festa, a homenagear o título dos All Blacks, os últimos de sentida homenagem a Lomu. Todos intensos e cativantes como sempre. A dança típica dos Maori é também uma das imagens marcantes de 2015.



Mas há mais. Outra imagem do ano proporcionada pelo râguebi foi a forma desprendida como Sonny Bill Williams ofereceu a sua medalha de campeão do mundo ao pequeno Charlie Lines, adepto de 14 anos que furou a segurança para chegar perto dos heróis. Um gesto bonito a dar conta que esta modalidade continua na linha da frente no que diz respeito ao desportivismo e fair-play, devolvido, mais tarde, pela organização da competição que deu uma nova medalha a Williams. «Um gesto de generosidade merece outro», escreveu a World Rugby.
 

Andebol: Qatar surpreende o Mundo e acompanha França até à final

Logo a abrir o ano, a França sagrou-se, pela quinta vez no seu historial, campeã do Mundo de andebol, num campeonato muito particular, realizado, com requintes de luxo, no Qatar que teve, para surpresa geral, a seleção anfitriã numa renhida final. Foi a primeira seleção não europeia a chegar tão longe nesta modalidade. Uma seleção competitiva construída em tempo recorde, num espaço de um ano, e com polémica, com onze jogadores naturalizados.



Na final, a França fez valer os seus pergaminhos, mas venceu apenas por três golos (25-22). Nikola Karabatic, a grande figura da seleção francesa e por muitos considerado o melhor jogador de todos os tempos, voltou a ser eleito como o melhor do Mundo, oito anos depois da primeira distinção e no ano em que pagou a cláusula de rescisão ao Barcelona para ir jogar para o Paris Saint-Germain.



Na vertente feminina, já perto do final do ano, em Herning, na Dinamarca, foi a vez da Noruega reclamar o título mundial com uma vitória sobre a Holanda (31-23). A nível de clubes, o Barcelona foi pela nona vez campeão da Europa.

EuroBasket: terceiro título para a Espanha ainda com muito Gasol

Pau Gasol, aos 35 anos, em final de carreira, foi a grande figura do Campeonato Europeu de basquetebol ao comandar a Espanha à conquista do seu terceiro título, depois de já ter vencido em 2009 e 2011.



Na retina ficou aquele extraordinário jogo na meia-final com a França em que jogador dos Chicago Bulls somou, sozinho, metade dos pontos da Espanha (40 pontos e 11 ressaltos) na vitória por 80-75. Na final, em Lille, a Espanha bateu a Lituânia por 80-63. Gasol fechou o torneio com uma média de 25,6 pontos, de 8,4 ressaltos e de 2,3 contras. Sem surpresa, foi eleito como jogador mais valioso (MVP) da competição.
  Pequim voltou a ser a capital do atletismo
Num ano assombrado pela suspensão da Rússia na sequência de uma investigação que denunciou um sistema de dopagem institucionalizado (ver casos do ano), sobram ainda boas histórias para contar à volta do atletismo. Voltamos a Pequim que, depois dos Jogos Olímpicos de 2012, voltou a ser o centro do Mundo da modalidade em 2015, com os Mundiais que decorreram ali em agosto e tiveram cinco novos recordes do mundo. Foi no emblemático Estádio Ninho do Pássaro que Usain Bolt «renasceu» depois de estar a viver dos piores anos da sua carreira desde que se tornou no homem mais rápido do planeta em 2008. O superatleta jamaicano bateu Justin Gatlin nos 100 e nos 200 metros, deixando claro que vai chegar ao Rio de Janeiro como candidato a novas medalhas de ouro.



Por falar em superatleta, não podemos deixar de referir o nome de Ashton Eaton que se sagrou bicampeão do Mundo com um novo recorde no decatlo, melhorando a sua própria marca, com um total impressionante de 9.045 pontos. Uma referência também para a etíope Genzebe Diataba que, em Monte Carlo, fixou um novo recorde nos 1.500 metros, com a marca de 3m50s07.

Menos holofotes em Baku, no Azerbaijão, onde decorreram os I Jogos Europeus, mas sem as principais seleções e estrelas do Velho Continente, bem como em Praga, na República Checa, onde se realizaram os Europeus de pista coberta.

Volta a França: Froome contra tudo e contra todos
O ciclista britânico Já tinha vencido em 2013, mas em 2014 desistiu depois de uma aparatosa queda, para voltar em 2015 a ser o primeiro a chegar aos Campos Elíseos depois de uma das mais tumultuosas provas de que há memória. Em plena forma, lançou um ataque demolidor na décima etapa, deixando para trás as constantes investidas do companheiro Nairo Quintana e as muitas agressões do público francês. Foi repetidamente apupado na difícil subida ao Alpe D’Huez e chegou a ser atingido, além de muitas cuspidelas, por um copo de urina na cara. A sua integridade foi várias vezes posta em causa, com constantes suspeitas de doping, mas a verdade é que Froome nunca perdeu o sorriso até à consagração em Paris. Já em setembro, teve de abandonar a Volta a Espanha com um fratura no pé. É o favorito a nova vitória em 2016.



NBA: Warriors a vencer de janeiro a dezembro
Os Golden State Warriors fizeram jus ao nome. Passaram o ano a lutar por vitórias atrás de vitórias, conseguiram o melhor arranque de sempre da história da competição norte-americana, com 24 triunfos consecutivos (28 seguidos na época regular, se somarmos o registo da época anterior), até perderem, pela primeira vez já perto do final do ano, a 12 dezembro, diante dos Milwaukee Bucks (95-108). Ficaram a escassos cinco triunfos do recorde absoluto de 33 vitórias consecutivas dos Lakers. A comandar esta superequipa, continua Stephen Curry, MVP da última temporada da NBA, que se compara a Lionel Messi, um dos seus ídolos. «Temos estilos criativos. Tento fazer coisas invulgares em campo e dar requinte ao meu jogo e esse é, definitivamente, o estilo de Messi em campo. Eu tento fazer os dribles rápidos com as mãos, o crossover (movimento de levar rapidamente a bola de uma mão para outra). E esse é o estilo que ele tem quando está no campo. Eu amo vê-lo jogar, sou um grande fã», destacou a meio da época.



A verdade é que Curry é, na atualidade, a maior estrela do basquetebol norte-americano. Uma estrela em ascensão quando outra se apaga. Kobe Bryant anunciou, aos 37 anos, que vai terminar a carreira depois de um ano difícil, massacrado com muitas lesões. Uma lenda que se despediu com distinção, em forma de poema, escrito pelo próprio e publicado na página «The Player’s Tribune»: «Não posso amar-te obsessivamente por muito mais tempo/Esta época é tudo o que me resta para dar. Mesmo que coração e mente ainda estejam comprometidos com o jogo, o corpo sabe que é tempo de dizer adeus. E não faz mal/Eu estou pronto para deixar-te ir».



Já que estamos nos Estados Unidos, uma referência para o Superbowl, com os New England Patriots a festejaram o 4º título na 49ª edição da prova realizada no Estádio Universitário de Phoenix com uma vitória sobre os Seatlle Seahawks por 28-24. Tom Brady foi eleito pela terceira vez como jogador mais valioso (MVP) igualando o recorde do histórico Joe Montana.

Fórmula 1: Hamilton chega ao «tri» entre bocejos
Lewis Hamilton ao volante de um Mercedes conquistou o seu tricampeonato, juntando-se a grandes nomes como Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda, Nelson Piquet e Ayrton Senna, mas já sem o brilho e o glamour dos melhores anos da modalidade. A Fórmula 1 está, aliás, em crise e a 66ª temporada não ajudou em nada a melhorar a popularidade de uma competição que já foi bem mais atrativa. Um campeonato muito desequilibrado, marcado por sucessivas polémicas e corridas pouco interessantes.



A Mercedes voltou a dominar, como já tinha feito em 2014, em toda a linha e conquistou os dois primeiros lugares e o campeonato de construtores, com 16 vitórias nos 19 Grandes Prémios, falhando apenas os pódios da Hungria e Singapura. A marca alemã bateu ainda o recorde de pole positions, somando 18 e falhando apenas uma. Hamilton somou dez vitórias e o seu colega, Nico Rosberg, outras seis, somando ainda sete segundos lugares. Sebastian Vettel, no seu primeiro ano na Ferrari, foi o único que conseguiu acompanhar, a espaços, os Mercedes, somando três vitórias. Hamilton festejou o título no Grande Prémio dos Estados Unidos, ainda com três corridas por disputar. Faltou emoção a uma das edições mais aborrecidas da história.

Mundial de Ralis: «tri» também para Ogier
Se na Fórmula 1 mandou a Mercedes, no Mundial de Ralis mandou a Wolswagen com Sebastian Ogier a conquistar o seu terceiro título à frente do companheiro de equipa Jari-Matti Latvala que, além da Finlândia, venceu apenas em Portugal. A consagração do piloto francês chegou ao sétimo triunfo, na Austrália, que permitiu a Ogier juntar-se aos consagrados Sébastien Loeb (nove títulos), Juha Kankkunen (4) e Tommi Mäkinen (4) como os únicos com mais do que dois ceptros em seu nome. Podemos estar na iminência de um novo longo reinado, com Ogier a suceder a Sebastian Loeb que, entre 2004 e 2012, conquistou nove títulos ao volante de um Citröen.



Antes do Mundial de ralis, logo a abrir o ano, na América do Sul, Nasser Al-Attiyah conquistou o seu segundo título no Dakar ao volante de um Mini, marca que contou com cinco carros nos dez primeiros lugares, mas o grande destaque da 36ª edição do rali mais exigente do mundo (7ª edição na América do Sul) vai para Marc Coma que conquistou o quinto título na categoria de motos com a sua KTM.

Moto GP: Lorenzo contra Rossi
Bem mais emocionante do que a Fórmula 1, foi o título de Jorge Lorenzo no Moto GP, com uma luta acesa com o veterano Valentino Rossi até à última corrida. Um duelo ofuscado pela intervenção de outro espanhol, Marc Marquez, no penúltimo Grande Prémio, na Malásia, quando estava tudo ainda em aberto. O cenário era já por si de roer as unhas entre os adeptos do piloto espanhol da Honda, que tinha conquistado os últimos dois títulos, e o italiano da Yamaha, que, já com nove títulos, procurava resgatar o décimo que lhe foge há sete anos.



A temporada foi quente desde o início, com Lorenzo a somar mais vitórias (7 contra 4 no final), mas com o italiano a ser mais regular, tendo falhado apenas três pódios, sem nunca ter caído abaixo do quinto lugar. «Il Dottore», alcunha do italiano de 36 anos, chegou à penúltima corrida, na Malásia, com uma curta vantagem para gerir, mas deixou-se envolver num duelo aceso com Marc Marquez, compatriota de Lorenzo, chegando mesmo a haver contato físico durante a corrida, depois de uma série loucas de ultrapassagens, em ataques constantes, que muitos classificaram como provocatórios. O piloto espanhol acabou por cair e Rossi foi punido por um toque alegadamente intencional, caindo para o último lugar da grelha de partida do decisivo e último Grande Prémio de Valência.


Valentino Rossi ainda tinha sete pontos de vantagem, mas se Lorenzo vencesse em casa, o italiano tinha de chegar ao pódio e não esteve muito longe de o conseguir. Ultrapassou dezassete motos em apenas três voltas e chegou num ápice ao quarto lugar, mas a diferença para a dupla da Honda (Marquez e Dani Pedrosa) que seguia Lorenzo era irrecuperável. O italiano precisava de uma «ajuda» da equipa rival, mas ninguém atacou Lorenzo que chegou, sem pressão, à meta como campeão do Mundo. No final, Rossi desabafou: «Foi incrível o trabalho das Honda. Sabia que isto ia ser assim. Fiz um grande Mundial até ao Japão e tinha condições para ser campeão, mas a partir da Austrália, o Marc Marquez tornou-se, inesperadamente, no guarda-costas do Jorge Lorenzo. Nunca se tinha passado isto e é embaraçoso para a nossa modalidade. Toda a gente viu qual era o plano do Marc», atirou o italiano.

Leia ainda o balanço das modalidades a nível nacional: do ouro na areia até Baku com domínio interno em encarnado

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