Cuidado, partilha e desafio: os três pilares das cidades sustentáveis

9 jul 2024, 16:31

Shri M. Thnnaras e Giorgia Rambelli partilharam na CNN Summit a sua visão sobre as cidades do futuro: uma visão holística e onde a inovação tem como propósito servir as pessoas. Mas para isso, disseram, é preciso estarmos dispostos a mudar a nossa maneira de pensar e de agir

Que cidades queremos ter no futuro? "Cidades que sejam produtivas, em vez de serem extrativas; cidades que sejam regenerativas, em vez de serem destrutivas; cidades que sejam empoderadoras, em vez de serem alienadoras; cidades que consigam proporcionar vidas prósperas aos seus cidadãos, com trabalhos significativos dos quais possam sentir orgulho e que possam executar com paixão." É esse o desejo de Shri M. Thnnarasan, o comissário do município de Ahmedabad, na Índia, que esta terça-feira trouxe os seus conhecimentos e o seu olhar otimista à CNN Summit dedicada à Mobilidade Sustentável. 

Na sua visão, uma cidade sustentável é acima de tudo uma cidade que "proporciona bem estar aos cidadãos, ao mesmo tempo que se preocupa com a sustentabilidade do planeta e pensa nas próximas gerações". "Isto é muito complexo", avisou. E "implica reinventar o mundo e reinventarmo-nos a nós mesmos, implica um novo sistema de valores, outra maneira de pensar, de agir e de interagir entre nós". 

Na base deste novo modelo de ação, estão três pilares, disse Shri M. Thnnarasan: cuidado (caring), partilha (sharing) e desafio (daring).

Para isso, é preciso "agir a nível macro e micro, é preciso uma ação integrada - ação individual mas também uma ação coletiva", uma mudança social, são necessárias políticas inovadoras, finanças inovadoras, etc.

Shri M. Thnnarasan, que participou no painel com o tema "A inovação no centro das políticas públicas de cidades sustentáveis", disse que, "até agora, a inovação tem servido o poder (o poder económico e militar), mas, em vez disso, tem de servir as pessoas e o planeta". O que significa que é preciso entender as necessidades das cidades, mais do que os seus desejos, defendeu.

Moderado pelo diretor executivo da CNN Portugal, Pedro Santos Guerreiro, este painel contou ainda com Giorgia Rambelli, diretora da Urban Transition Mission, uma organização global que tem como objetivo "apoiar a mobilização de líderes em todo o mundo para ajudar cidades a priorizar a neutralidade carbónica e a serem mais sustentáveis". Uma vez que a evolução nesta área acontece de forma veloz, é importante ter os conhecimentos e partilhar as experiências, para que cada cidade perceba de que forma, depois, pode atuar localmente. A missão começou a trabalhar há dois anos e meio com 49 cidades e neste momento já integra 98 cidades de mais de 30 países (por exemplo, Cascais).

"Na generalidade há muitas cidades que sabem o que têm de fazer para serem mais sustentáveis, há  consciência mas ainda há muito por fazer, temos de saber como concretizar a mudança, às vezes faltam skills em inovação, as cidades não têm as capacidades necessária para agir", explicou Giorgia Rambelli. "O segundo desafio é fazer uma transição que não seja de curto prazo mas que seja permanente - isso é algo que envolve muitas pessoas e instituições, é complexo."

"É importante que as pessoas tenham consciência que as mudanças que estão a acontecer não são algo que vão desaparecer. Temos uma oportunidade incrível de fazer uma mudança drástica e criar locais que têm um propósito, e esse propósito é servir as pessoas", sublinhou Giorgia Rambelli. Para tal, disse, são necessárias políticas integradas: "A visão holística é a chave para garantir o bem estar no futuro."

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