Corrida às armas: Japão quer ter mísseis hipersónicos até 2030

3 nov 2022, 07:28
Japão

Rodeado de vizinhos problemáticos, o Japão quer reforçar a sua capacidade defensiva, incluindo mísseis hipersónicos no seu arsenal

O Governo japonês está apostado num forte reforço da sua capacidade militar, e o Ministério da Defesa está a ponderar a possibilidade de dotar o país com mísseis hipersónicos até 2030. A informação foi adiantada esta quinta-feira pelo jornal nipónico Nikkei.

O executivo de Fumio Kishida está a ultimar a revisão da Estratégia de Defesa Nacional, que deverá ser apresentada até ao final do ano, e esse documento deverá abrir caminho a um reforço sem precedentes da capacidade militar do país, que se vê rodeado de vizinhos problemáticos: a China, a Rússia e a Coreia do Norte, para além de Taiwan, que fica igualmente a pouca distância do Japão e poderá ser o palco de um conflito militar com a China que, a concretizar-se, teria implicações muito graves para Tóquio.

Perante todas estas ameaças, e a mudança de perspetiva em relação a países como a Rússia e a China, que passaram a ser encarados como ameaças estratégica ao Japão, o país pretende aumentar a sua capacidade de dissuasão e de contra-ataque.

Os mísseis hipersónicos são a nova geração de mísseis, que tem sido testada com sucesso pela Rússia, pela China e, supostamente, pela Coreia do Norte. Também os Estados Unidos já terão feito testes bem sucedidos este verão. 

Estes mísseis são capazes de atingir mais de cinco vezes a velocidade do som e assumir trajetórias irregulares, tornando quase impossível a sua destruição pelos mísseis anti-míssil atualmente existentes.

Acordo com os EUA

O contexto internacional - com o aumento da assertividade da China em relação a Taiwan e a toda a região do Pacífico, com a invasão russa da Ucrânia, e com a crescente afirmação belicista da Coreia do Norte - tem levado o PLD, o partido no poder no Japão, a pugnar por um forte reforço das valências militares do país, não apenas nas vertentes de dissuasão e defesa, mas também de contra-ataque e, eventualmente, de ataques preventivos.

Trata-se de terreno politicamente delicado, pois a Constituição do Japão impõe, no seu artigo 9º, que o país não possa recorrer à guerra como instrumento de resolução de conflitos internacionais. Porém, desde o antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, o Japão tem feito uma leitura cada vez mais lata daquilo que é a sua defesa, dotando as suas forças armadas (chamadas, precisamente, de Forças de Auto-Defesa) de mais equipamento, mais moderno e sofisticado. A questão seguinte é dotá-las também de capacidade de resposta e ataque, incluindo a possibilidade de atingir bases em território inimigo.

Há um consenso no PLD para o reforço do orçamento da defesa, que poderá ir até à sua duplicação em 5 anos. Ou seja, saltar de 1% para 2% do PIB. Para quê? Uma das prioridades parece ser a compra de mísseis de longo alcance, que o país não possui.

Segundo o Nikkei, que cita media locais japoneses,uma das possibilidades é a compra de mísseis de cruzeiro Tomahawk norte-americanos. 

Entretanto, o Ministério da Defesa nipónico e o Departamento de Defesa dos EUA assinaram um acordo em setembro para o desenvolvimento conjunto de mísseis hipersónicos, juntando a tecnologia de ponta de ambos os países. O objetivo das autoridades de Tóquio é possuir mísseis hipersónicos em 2030.

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