Além do reforço da subvenção anual dada às organizações de produtores, o executivo de Luís Montenegro vai investir num plano nacional de desinsetização para travar a propagação do vetor transmissor e da doença
O ministro da Agricultura defendeu esta terça-feira, no parlamento, que o Governo atuou “de forma imediata” face à doença da língua azul, lembrando que não há autorização comercial para todas as vacinas.
“O que estamos a fazer é ser rápidos. Nós atuámos de forma imediata. O que nós fizemos foi avançar [nesta matéria]”, referiu José Manuel Fernandes, em resposta aos deputados, numa comissão conjunta com as comissões de orçamento, Finanças e Administração Pública e Agricultura e Pescas.
O governante aproveitou para esclarecer que existem três vacinas contra a doença da língua azul, mas ressalvou não existir uma autorização comercial para todas. Neste sentido, disse existir uma “autorização temporária” para a utilização dos medicamentos em causa, lembrando que são necessários testes preliminares “que ainda não aconteceram”. Contudo, o ministro sublinhou que não existem estados-membros que já tenham recebido uma autorização comercial.
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) autorizou, temporariamente, três medicamentos contra a língua azul, dois dos quais ainda não estão disponíveis no mercado.
“A DGAV autorizou a utilização temporária dos medicamentos veterinários – Bluevac 3 suspensão injetável para bovinos e ovinos, Bultavo 3 suspensão injetável para ovinos e bovinos e Syvazul BTV 3 suspensão injetável para ovinos e bovinos”, lê-se num esclarecimento técnico da DGAV. O primeiro e o último fármaco ainda não estão disponíveis para comercialização no mercado nacional.
Os serotipos três e quatro do vírus da língua azul já atingiram todos os distritos de Portugal continental, só a Madeira e os Açores estão livres da doença.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.
A vacinação de ovinos e bovinos contra os serotipos um e quatro é obrigatória. Já contra o serotipo três é apenas permitida.
No que diz respeito ao serotipo três, os últimos dados, reportados à semana passada, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas e 102 animais, sem mortalidade.
No caso dos ovinos, somam-se 238 explorações, 11.934 animais afetados e 1.775 mortos.
Por distrito, destacam-se Évora, com 90 explorações afetadas, e Beja, com 76, seguidos por Setúbal (48) e Portalegre (20).
O Ministério da Agricultura está a preparar o reforço dos apoios às organizações de produtores face à doença da língua azul e vai investir num plano de desinsetização para travar a propagação, avançou à Lusa.
Além do reforço da subvenção anual dada às organizações de produtores, o executivo de Luís Montenegro vai investir num plano nacional de desinsetização para travar a propagação do vetor transmissor e da doença.
O ministério liderado por José Manuel Fernandes adiantou que este plano vai permitir evitar a propagação do serotipo três da língua azul, mas também de outras doenças transmitidas por insetos, como a doença hemorrágica dos bovinos.
O Governo não revelou quando é que este plano vai avançar.