Morreu Mikhail Gorbatchov, o último presidente da União Soviética

30 ago 2022, 21:35

Morreu aos 91 anos, em Moscovo, vítima de doença prolongada

Morreu esta terça-feira o oitavo e último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchov, avança a agência estatal russa Interfax. O histórico líder russo, de 91 anos, sofria de vários problemas de saúde. Morreu vítima de doença prolongada.

"Mikhail Sergeevich Gorbatchov morreu esta noite após uma doença grave e prolongada", disse o Hospital Clínico Central onde estava internado.

Segundo uma fonte familiar, citada pela agência TASS, o antigo líder russo vai ser enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, junto da sua mulher Raisa, que morreu no ano de 1999. 

Gorbatchov foi um dos principais responsáveis pelo fim da Guerra Fria e da União Soviética. O político, de origens russas e ucranianas, forjou vários acordos com o ocidente de forma a acabar com a famosa "cortina de ferro" que dividia a Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial, culminando na unificação da Alemanha. Este seu papel no final da Guerra Fria justificou a atribuição do Prémio Nobel da Paz, em 15 de outubro de 1990.

Ao contrário dos seus antecessores, que enviaram tanques para esmagar protestos populares, recusou-se a utilizar a força contra os manifestantes pró-democracia que inundaram o bloco soviético no ano de 1989. Esses mesmos protestos haveriam de motivar as aspirações da autonomia de 15 repúblicas soviéticas, entre as quais a Ucrânia. Os dois anos seguintes acabariam por culminar no colapso da União Soviética.

Seis anos antes, em 1985, quando foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista Soviético, com apenas 54 anos, Gorbatchov aspirava revitalizar um sistema soviético que se encontrava em decadência ao tentar introduzir alguma liberdade política e económica no sistema. Essas mudanças ficaram para sempre conhecidas por “glasnost” (transparência) e “perestroika” (restruturação).

"Comecei essas reformas e minhas estrelas orientadoras eram a liberdade e a democracia, sem derrame de sangue. Assim, o povo deixaria de ser um rebanho liderado por um pastor. Eles tornar-se-iam cidadãos", recordou alguns anos mais tarde.

A sua política de liberdade de expressão permitiu aos cidadãos soviéticos criticar a o regime soviético, mas deu também o "empurrão" necessário aos líderes independentistas de várias repúblicas ocupadas, como a Estónia, Letónia, Lituânia, Ucrânia e Cazaquistão. 
 
Na Rússia, o legado de Gorbatchov é controverso. Por um lado, o político abriu as portas da democracia para Rússia, por outro atirou o país para uma das maiores crises económicas da história do país, que se estendeu durante toda a década de 90. Para muitos cidadãos da antiga União Soviética, esse foi um preço demasiado elevado a pagar pela democracia. 

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