Fuga dos cinco prisioneiros do estabelecimento prisional em Alcoentre serviu para uma reflexão mais geral dos vários falhanços na gestão dos serviços públicos
De fazer lembrar Papillon, o recluso que escapou de uma prisão na Guiana Francesa e cuja vida deu origem a um filme, ou aqueles “livros de quadradinhos” onde havia fugas com lençóis e escadas cá fora.
É disto que Miguel Sousa Tavares se lembra quando analisa a fuga do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, de onde cinco reclusos considerados perigosos conseguiram escapar em pleno dia, continuando a monte até agora.
Na sua 5.ª Coluna, o comentador do Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal) classificou este episódio de "anedótico", sublinhando que o mesmo é mais um sinal de uma “decomposição do Estado”.
“É a verdadeira falência do Estado, uma entidade a quem confiamos poderes, a quem damos dinheiro através dos impostos para que cumpra funções exclusivas”, lembra o comentador, falando da segurança dos cidadãos, mas também da aplicação da justiça e do funcionamento da saúde e da escola pública.
Miguel Sousa Tavares entende este como um caso paradigmático, para dizer que “está a falhar tudo em cadeia, de uma maneira feia, deixando atrás um rasto de desleixo, de indiferença, de impotência e, no final, de irresponsabilidade”.
“Temos o direito de perguntar para que pagamos impostos. Mais vale é ter um bom Estado”, reiterou, lembrando os casos do assalto a Tancos, do assalto à secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, dos problemas nas urgências de obstetrícia em agosto ou dos atrasos na justiça.
Também no seu espaço de comentário, o analista deixou ainda um alerta para as condições “desumanas” das prisões portuguesas, avisando ainda que o sistema de reinserção não funciona.