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"Qualquer chico-esperto chega aqui e aldraba o Estado português". Sousa Tavares e a "birra ideológica" de Passos Coelho com a TAP

5 set, 22:36

A mais recente polémica com a companhia aérea portuguesa analisada à lupa na rubrica 5.ª Coluna

São 30 anos de "perseguição" com histórias da TAP, a última das quais ocorrida em 2015, mas cujos pormenores agora começam a vir ao de cima, adensando a polémica em torno de uma empresa que há muito está envolvida em casos.

Miguel Sousa Tavares, comentador do Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), confessa-se cansado de toda a situação: "Há 30 anos que somos perseguidos pelas histórias da TAP e há 30 anos que não deixamos de meter dinheiro na TAP sem nunca vermos um voo estável da companhia aérea portuguesa".

Na sua rubrica 5.ª Coluna, o comentador lembra que foi inicialmente contra a privatização de 2015, que agora se sabe estar sobre suspeitas, de acordo com um relatório da Inspeção-Geral de Finanças.

Essa privatização, afirma Miguel Sousa Tavares, foi feita "à 25.ª hora" por um governo que estava em gestão, até porque, apesar de ter ficado à frente nas eleições, Pedro Passos Coelho não garantiu uma maioria parlamentar estável para governar, o que aconteceu à esquerda com António Costa e a Geringonça.

"O governo tinha perdido as eleições e já sabia que ia ser sucedido por um governo que era contra a privatização. Foi uma pura birra ideológica de Pedro Passos Coelho e do seu governo", atira o comentador, falando sobre um executivo que não chegou a estar um mês em funções.

E Pedro Passos Coelho é, para o comentador, um dos que mais deve explicações sobre a polémica agora conhecida. Ele e a então ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, além do secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro. Eles mais do que Miguel Pinto Luz, que esteve no cargo durante apenas 26 dias.

"Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho conheciam o relatório da Parpública que dizia que David Neeleman tinha posto 10 milhões de euros e que o resto era a Airbus com dinheiro da TAP", aponta.

E David Neeleman saiu a ganhar, já que pagou 10 milhões de euros por uma empresa que mais tarde vendeu por 55 milhões de euros, reforça Miguel Sousa Tavares, lamentando que em Portugal seja fácil isto acontecer. "Qualquer chico-esperto chega aqui e aldraba o Estado português, que sabe que está a ser aldrabado e deixa-se aldrabar com esta facilidade toda", diz.

Sobre as responsabilidades, Miguel Sousa Tavares entende que são Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho aqueles que mais devem assumir alguma coisa, naquele que é, na visão do comentador, um problema mais genérico do que o que seria ideal. "Como é que o nosso dinheiro é gerido? Quem são estes tipos tão qualificados que têm lugares europeus de topo, que são ministros disto, grandes gestores daquilo, e que quando chega a hora da verdade os contribuintes são tratados a pontapé?", questiona.

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