No seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional, 5.ª Coluna, Miguel Sousa Tavares analisou o Orçamento do Estado para 2025, o pagamento das indemnizações às vítimas dos abusos sexuais na Igreja Católica e ainda a guerra na Ucrânia
O Governo apresentou esta quinta-feira o Orçamento do Estado para 2025 e na análise de Miguel Sousa Tavares trata-se de uma proposta "otimista", que assenta na expectativa de que "vai haver crescimento da economia".
"Um orçamento não é um enumerado de factos, é uma profecia. E as profecias orçamentais podem ser mais ou menos realistas, otimistas ou ilusórias. Este é um orçamento otimista [na medida] em que, havendo mais dinheiro a circular e menos dinheiro cativado por via fiscal, vai haver crescimento da economia e havendo crescimento o Estado fatura mais. Há de facto uma contenção fiscal mas não há contenção da despesa pública", sublinha o comentador da TVI e da CNN Portugal no seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional, 5.ª Coluna.
Quanto ao sentido de voto de Pedro Nuno Santos sobre o OE2025, nomeadamente depois da entrevista que deu na véspera à TVI/CNN Portugal, Miguel Sousa Tavares diz que "não se percebeu porque o PS não se vai abster na votação", uma vez que não apresenta "nenhum argumento". "Alguém terá de explicar ao PS que não venceu as eleições", ironizou.
O pagamento das indemnizações às vítimas dos abusos sexuais na Igreja Católica foi outros dos temas analisados pelo comentador, que assumiu "nunca" ter falado deste assunto, prometendo desde logo "ser duro" nas suas afirmações.
"Eu ainda não esqueci o caso do padre Frederico, em que o episcopado do Funchal abafou as atividades pedófilas do padre Frederico e quando ele foi preso encobriu provas. O bispo chegou a comparar o julgamento do padre Frederico ao martírio de Deus, ainda não esqueci isso", começou por dizer.
Miguel Sousa Tavares lembrou que os trabalhos da comissão independente que investigou os abusos "terminaram há um ano e meio" e que a Igreja "fixou um prazo de junho a dezembro deste ano para que as vítimas peçam indemnização". "Mas como? A vítima escreve o relatório dos seus abusos, a igreja lê e, se achar que tem viabilidade, convoca-a para exame oral, onde ela volta a expor pela terceira vez os abusos de que foi vítima. Se esta nova comissão validar, passa para outra que detemina a indemnização, ou seja, a Igreja está a engonhar, está a fazer tudo para não pagar, para não assumir a sua culpa e responsabilidade, está a ver se as vítimas desistem", lamentou, apontando uma solução: "Fazer o que Estado fez quando Ihor Homeniuk foi morto pelo SEF no aeroporto de Lisboa. Rapidamente fez uma comissão, calculou a indemnização e pagou."