Líder dos sociais-democratas não foi o único a cantar vitória. Paulo Cafôfo vai negociar com partidos para tentar uma geringonça insular
Durante a tarde, quando foi votar, Miguel Albuquerque prometeu que, caso não tivesse maioria absoluta, iria anunciar o seu "parceiro favorito" para encetar negociações que viabilizassem a maioria do PSD no Parlamento da Madeira. Ao mesmo tempo em que os resultados iam chegando e ditavam uma maioria relativa para os sociais-democratas - com mais 10 mil votos do que o PS -, o presidente reeleito mudou de estratégia, realçando que em cima da mesa estava também a possibilidade de governar em minoria. "Qualquer das hipóteses estão abertas"
Salientando que a esquerda foi "copiosamente derrotada", já que "o Bloco de Esquerda e o PCP deixaram de fazer parte do parlamento regional", Albuquerque assumiu como possível parceiro tanto o JPP, que foi o terceiro partido mais votado, como o Chega que, na sua ótica, "não teve um resultado muito expressivo" e "tem de ter humildade". Ainda assim, referiu estar "disponível para governar com todos os partidos com assento parlamentar".
"Espera-se que os partidos assumam cada um as suas responsabilidades e que seja possível chegar a entendimentos", disse, durante um discurso na sede do PSD Madeira durante a noite. "O diálogo tem duas vias e a responsabilidade e a questão da boa governança não é uma questão retórica, é essencial para as famílias", apontou.
Descreveu também a sua vitória como "inequívoca e clara" e, no mesmo discurso, mostrou-se espantado: "Acho extraordinário que ao fim de 48 anos, continuemos a ter a votação que temos, especialmente nas circunstâncias em que concorremos a estas eleições, a terceira em oito meses", afirmou.
Paralelamente, na sede nacional do Chega, André Ventura garantiu que o seu partido não iria fazer parte de qualquer governo liderado por Miguel Albuquerque. “O PSD sabe que tem de ceder e encontrar uma solução. Albuquerque não tem condições de ficar à frente do Governo Regional da Madeira", afirmou, destacando que o resultado ficou aquém do esperado. "O Chega apela ao bom senso de quem venceu estas eleições para propor um nome e uma equipa que sejam suscetíveis de gerar consenso, não estaremos do lado errado da história.”
Antes de Ventura entrar em cena, já Miguel Albuquerque tinha respondido a este repto do presidente do Chega, afirmando que não é Ventura que decide a estratégia do PSD. Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, mostrou-se surpreendido com esta cláusula de apoio."Pedir a alguém que ganhou se demita não faz sentido", disse, reforçando que, "independentemente de qual seja a decisão, o que posso dizer é que espero em nome do PSD que o governo possa começar o quanto antes liderado por Miguel Albuquerque", reiterou.
Minutos depois, foi a vez de Paulo Cafôfo reagir aos resultados, não com a concessão de uma vitória ao rival político, mas com um anúncio de que irá tentar uma geringonça insular com todos os partidos à exceção do Chega. "O PS e o JPP juntos elegem mais deputados do que o PSD, que teve o seu pior resultado de sempre". "Pela primeira vez temos a possibilidade de construir através de um acordo partidário um novo governo sem o PSD, com estabilidade e de estabilidade. Iremos encetar contactos com todas as forças parlamentares".
De acordo com informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, os sociais-democratas obtiveram 36,13% dos votos e 19 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados.
Em segundo lugar, o PS conseguiu 11 eleitos, seguindo-se o JPP, com nove, o Chega, com quatro, o CDS-PP, com dois, e a IL e o PAN, com um deputado cada. Saem da Assembleia Legislativa, em relação à anterior composição, o BE e a CDU.
A maioria absoluta requer 24 assentos.