Boris Johnson propõe cinco medidas para evitar repetição da tragédia com migrantes no Canal da Mancha

25 nov 2021, 20:36
Franceses e britânicos em choque com maior tragédia migratória de sempre no Canal da Mancha

Depois de uma conversa com o presidente francês, o primeiro-ministro britânico pede mais tecnologia, patrulhas e acordos

O primeiro-ministro apresentou esta quinta-feira um plano de cinco passos para que Reino Unido e França possam lidar com a situação das migrações no Canal da Mancha. As medidas propostas por Boris Johnson surgem depois de uma conversa com o presidente francês, Emmanuel Macron, e um dia depois de 27 migrantes terem morrido durante a travessia marítima entre os dois países.

Através da sua conta oficial no Twitter, o chefe do governo britânico diz que se "ofereceu para atuar melhor e mais rápido para prevenir as travessias no Canal da Mancha e evitar a repetição da tragédia". Conheça o plano que Boris Johnson discutiu com Emmanuel Macron:

  • Patrulhas conjuntas para prevenir que mais barcos deixem a costa francesa;
  • Mais tecnologia, como sensores ou radares, para uma melhor deteção das embarcações;
  • Patrulhas marítimas recíprocas nas águas dos dois países e vigilância no transporte aéreo;
  • Aprofundar o trabalho da Célula de Inteligência Conjunta, com uma melhor partilha de informações para conseguir mais detenções e acusações em ambos os países;
  • Trabalho imediato em acordos bilaterais de devolução e negociações para estabelecer um acordo de devolução entre o Reino Unido e a União Europeia.

Também no Twitter, Boris Johnson deixou uma mensagem aos serviços de emergência que "lidaram com esta situação devastadora".

"Depois da conversa, eu sei que o presidente Macron, tal como eu, reconhece a urgência da situação que ambos enfrentamos", afirmou.

O acordo que visa a devolução imediata de migrantes que cruzem o Canal da Mancha para o Reino Unido tem um "efeito imediato".

França convidou na quinta-feira os ministros belga, alemão, holandês e britânico responsáveis pela imigração, e a Comissão Europeia, para um encontro no domingo em Calais (norte), um dia após o naufrágio da embarcação no Canal da Mancha.

“Esta reunião deverá permitir definir as vias e meios de reforçar a cooperação policial, judicial e humanitária” para “melhor combater as redes de traficantes envolvidas nos fluxos migratórios”, precisou o gabinete do primeiro-ministro francês, Jean Castex.

Alguns analistas mostraram-se céticos com esta aparente vontade de cooperação entre Paris e Londres, cujas posições nesta matéria são frequentemente divergentes.

As travessias ilegais, que regularmente despertam tensões entre estes países, são delicadas para o Governo britânico, que fez da luta contra a imigração uma das bandeiras para o Brexit.

Em comunicado, na sequência de conversações entre Priti Patel e o seu homólogo francês, Gerald Darmanin, o Ministério do Interior britânico referiu que fez “uma oferta clara à França em termos de cooperação (…) e patrulhas conjuntas para prevenir a realização destas viagens perigosas”.

A França sempre rejeitou estas propostas para patrulhas conjuntas, apresentadas várias vezes por Boris Johnson, por questões de soberania.

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