Dados da Unicef indicam que 20% das vítimas são crianças
Mais de 2.200 pessoas morreram ou foram dadas como desaparecidas a tentar atravessar o Mar Mediterrâneo em 2024, numa esperança de chegar à Europa vindo de zonas de conflito e pobreza.
Os dados constam num comunicado da diretora regional para a Europa e Ásia Central da Unicef, e que foi lançado no primeiro dia de 2025, quando 20 pessoas caíram ao mar a cerca de 50 quilómetros da costa da Líbia, um dos muitos países de onde fogem milhares de refugiados todos os anos.
Apesar da forte ondulação, sete pessoas foram encontradas no mar, incluindo um menino sírio de oito anos. Continuaram a viagem num bote e acabaram encontrados pela polícia italiana ao fim do dia ao largo de Lampedusa.
“O número de mortos e desaparecidos no Mediterrâneo em 2024 passou os 2.200, com cerca de 1.700 vidas perdidas só na zona central da rota mediterrânica”, afirmou Regina De Dominicis.
Over 20 people, including women and children, are missing after a shipwreck near Lampedusa.
— Regina De Dominicis (@R_DeDominicis) January 1, 2025
Governments must ensure safe migration pathways, strengthen search and rescue, and protect children throughout their journey.https://t.co/WgI91IKhis
Números que, segundo a responsável da agência da ONU, incluem “centenas de crianças, que fazem uma em cada cinco pessoas que migram através do Mediterrâneo”.
“A maioria está a fugir de um conflito violento e da pobreza”, acrescentou.
Num dos casos mais recentes, uma criança de 11 anos foi encontrada com um colete salva-vidas junto a um par de pneus. Foi salva em Lampedusa ao fim de três dias em mar alto, depois de cair de uma embarcação onde seguiam outras 40 pessoas. Mais ninguém foi encontrado.
Um caso ocorrido apenas um mês depois de a Sea-Watch, uma organização não-governamental alemã, ter apresentado uma queixa aos procuradores da Sícilia, acusando a guarda costeira italiana de negligência e de múltiplos homicídios depois do naufrágio de um bote com 21 pesoas. A Sea-Watch tinha notificado as autoridades italianas para problemas na embarcação a 2 de setembro, mas garante que ninguém enviou ajuda durante pelo menos dois dias.
Itália é mesmo um dos pontos mais importantes da travessia, que é considerada a mais perigosa do mundo. Ao todo, e segundo a Organização Internacional para as Migrações, pelo menos 25.500 pessoas morreram ou desapareceram naquele local desde 2014. A maioria delas vinha da Tunísia ou da Líbia.
Apesar disso, todos os dias há dezenas de pessoas a arriscar a travessia, na tentativa de encontrar na União Europeia uma vida melhor. O Ministério do Interior de Itália indicou que 66.317 pessoas chegaram ao país em 2024, menos de metade do número de 2023, o que também estará relacionado com um apertar das políticas migratórias do governo de Giorgia Meloni.