David Carrageta, treinador-adjunto do Lusitano de Évora, venceu o Campeonato de Portugal no mesmo dia em que deu o nó com a companheira. Em entrevista ao Maisfutebol, o técnico partilhou como é vencer na vida e do desporto na mesma data
O dia 14 de junho de 2025 ficará para sempre marcado na memória de David Carrageta, treinador-adjunto do Lusitano de Évora. Ora, no exato mesmo dia que foi campeão do Campeonato de Portugal… casou-se!
«Quando casamos é sempre um dia que fica para a vida», conta, em entrevista exclusiva ao Maisfutebol. Porém, este teve um gosto especial. «Casamos e somos campeões nacionais no mesmo dia. Fica associado a uma história que toda a gente se vai lembrar sempre.»
O casamento já estava agendado há mais de um ano. Até que, pelo meio, o cenário começou a ficar mais provável. «Começámos a perceber que a probabilidade de irmos à final começou a aumentar. Até que se realizou», disse o treinador de 36 anos.
«Ao início fiquei triste», confessou. Isto porque percebeu que teria de faltar ao jogo decisivo. Mas, depois, percebeu que estava destinado. «Isto tinha de ser assim. Pensei logo que ia ter duas alegrias muito grandes nesse dia.»
Mesmo confiante na equipa, David não deixou de «sofrer» por estar longe. «Eu sempre quis estar lá com eles.»
«Acompanhei a equipa sempre até ao último segundo. Fui despedir-me deles na sexta-feira quando foram para estágio. Senti os jogadores muito tranquilos no momento da partida. Estavam muito confiantes, eu sabia que ia correr bem para nós», acrescentou.
No entanto, mesmo que não estivesse fisicamente, parte do treinador-adjunto esteve presente na final. Como? As botas do técnico pisaram mesmo o relvado do Jamor, só que não por ele. «As minhas botas andavam no Jamor. Outro treinador quis levá-las e andou calçado com elas», contou.
As homenagens não ficaram por aqui. Como partilha David Carrageta, a equipa preparou-lhe uma surpresa. «Fizeram-me um vídeo desejando boa sorte e felicidades. Foi filmado no próprio dia e depois passado no momento do casamento».
Uma homenagem que o treinador admitiu ter sido muito importante. A reação? Foi emocional, como se esperava. «Comecei logo a chorar», confessou. Do choro passou à euforia. Ora, no exato momento em que se mostrou o vídeo, o Lusitano de Évora empatou a partida.
«Houve vários vídeos de familiares e, no fim, mostraram esse vídeo da equipa. Foi no exato momento em que o Miguel Lopes empatou o jogo. As pessoas estavam a ver nos telemóveis e fizeram-me logo sinal: era golo!».
Seria obra do destino? David Carrageta, não desmente essa hipótese. «Sim, foi alguma coisa desse gênero, sim.»
O treinador confessou, ainda, que ficaria muito mais nervoso se estivesse no Jamor. Porém, houve um momento em que o nervosismo tomou conta: a decisão nos penáltis. «Quando entro na parte do jantar e há a celebração da entrada dos noivos, alguém me diz: vamos a penáltis. Aí, sim, tive uma carga emocional enorme em cima», referiu.
As atenções do casamento viraram-se para essa decisão. O relato do acontecimento foi dado ao pormenor por todos aqueles que iam acompanhando nos telemóveis. «Estamos na mesa e temos à frente 200 pessoas a olhar para nós e a fazerem-nos sinais com os golos dos penáltis. Até que depois a pessoa que recebe a notícia primeiro grita: já está!».
Eis que o dia, que já era de celebração, tornou-se duplamente especial. «Foi uma grande festa. Fizemos um brinde, havia muita gente aos saltos», conta David Carrageta, que foi prontamente abraçado pelos pais, familiares e amigos.
A festa prolongou-se noite fora. E o Lusitano de Évora esteve sempre presente, mesmo que nos pequenos detalhes. David usou um cachecol do clube o dia inteiro. «Apenas no altar é que não o usei, mas logo depois andou sempre comigo. O cachecol estava pronto para a festa», partilhou, entre sorrisos.
«Vou para os Estados Unidos e para o México, se calhar vou tirar uma foto com medalha e o cachecol num lugar desses.»
Carrageta garantiu que o ambiente seria igual, mesmo que o título não fosse para o Lusitano. Ainda assim, confessa que «haveria sempre um sentimento de tristeza». No final, a festa foi em dose dupla. «Juntou-se o útil ao agradável e foi espetacular.»
Foi um dia de emoções fortes e o coração «ainda se está a acalmar». Mas David não tem dúvidas: voltaria a fazer tudo igual. «Se fosse para sermos campeões e para eu casar como aconteceu faria tudo igual, sem dúvida.»
