O líder do cartel de Sinaloa era procurado há três anos pelas autoridades. Em reação à sua detenção, membros do cartel saíram para as ruas armados. Há registo de pelo menos três mortos e 18 feridos
As forças de segurança mexicanas recapturaram Ovidio Guzmán, filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán. Numa operação realizada durante a madrugada de quinta-feira na cidade de Culiacán, a polícia voltou a deter o traficante, que foi já transferido para a Cidade do México, não havendo ainda informações se Guzmán será extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de tráfico de drogas desde setembro de 2019.
Guzmán-López - apelidado de "O Rato" - é acusado de liderar uma facção do conhecido cartel de Sinaloa, disse o ministro da Defesa, Luis Cresencio Sandoval, sublinhando que esta é uma das maiores organizações de tráfico de drogas do mundo. Guzmán já tinha sido detido em outubro de 2019. Na altura, perante a reação dos cartéis e os distúrbios violentos na cidade, o traficante foi libertado, horas depois, por ordem do presidente Andrés Manuel López Obrador para evitar mais derramamento de sangue.
Agora, tal como em 2019, a reação violenta não se fez esperar. Os membros do cartel bloquearam estradas, incendiaram veículos, saquearam lojas e desafiaram a polícia em diversos locais de Culiacán. Há relatos de tiroteios e três membros das forças de segurança morreram nos confrontos. Pelo menos 18 pessoas feridas foram admitidas nos hospitais da região, segundo a BBC.
As autoridades pediram à população para se manter em casa e ordenaram o encerramento das escolas, alguns hospitais cancelaram as consultas e várias atividades foram suspensas.
No Twitter, o governador de Sinaloa, Rubén Rocha Moya, apelou à calma:
Ante los eventos que están ocurriendo en Culiacán, pido a las y los ciudadanos conservar la calma y resguardarse en sus hogares. Las autoridades están ejerciendo su tarea y los mantendremos enterados.
— Rubén Rocha Moya (@rochamoya_) January 5, 2023
No aeroporto, dois aviões foram atingidos por tiros - um enquanto se preparava para descolar, informou a companhia aérea mexicana Aeromexico. "Enquanto estávamos a acelerar para a descolagem, ouvimos tiros muito perto do avião, e foi quando todos nos atirámos para o chão", disse um dos passageiros do avião, David Tellez, à agência de notícias Reuters. Um vídeo publicado nas redes sociais parece mostrar os passageiros agachados e encolhidos nos seus assentos quando tudo aconteceu. A companhia garante que nenhum cliente ou funcionário ficou ferido.
#AeroméxicoInforma tras los hechos ocurridos en Culiacán. pic.twitter.com/CVkhkn77h8
— Aeroméxico (@Aeromexico) January 5, 2023
Culiacán:
— Víctor Bolaños (@vichoguate) January 5, 2023
•Aeroméxico confirma que dispararon contra avión que estaba por despegar con destino a la ciudad de México.
•Dispararon hacia un avión de la Fuerza Aerea Mexicana.
•Automovilista graba caravana de vehículos desde los cuales disparan. pic.twitter.com/DhNah9JlUR
Um outro avião da força aérea também foi atingido em Culiacán, disse a agência de aviação civil do México. Mais de 100 voos foram cancelados em três aeroportos de Sinaloa.
A operação de vigilância de seis meses que levou à captura de Guzmán-López teve o apoio das autoridades americanas, acrescentou o ministro da Defesa, Luis Cresencio Sandoval, em conferência de impresa.
A detenção aconteceu dias antes de o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, visitarem a Cidade do México para participar na Conferência de Líderes da América do Norte.
Capturar Guzmán pode ser uma maneira de López Obrador mostrar aos EUA que "controla as forças armadas e a situação de segurança do México”, disse à CNN Internacional Gladys McCormick, professora da Syracuse University que estuda as relações México-EUA. “Isso também antecipa qualquer pedido do governo Biden para conter a onda de fentanil e outros estupefacientes na fronteira”, acrescentou.
O Departamento de Estado norte-americano oferecia uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que levassem à prisão de Guzmán. Segundo as investigações, Guzmán e seu irmão, Joaquín Guzmán-López, “herdaram grande parte dos lucros do tráfico” após a morte de outro irmão, Edgar Guzmán-López. Eles “começaram a investir grandes quantias de dinheiro na compra de marijuana no México e cocaína na Colômbia. Também começaram a comprar grandes quantidades de efedrina da Argentina e organizaram o contrabando do produto para o México quando começaram a experimentar a produção de metanfetamina”, disse o Departamento de Estado. Os irmãos também são acusados de controlar cerca de 11 “laboratórios de metanfetamina no estado de Sinaloa”.
O pai deles, “El Chapo” Guzmán, foi condenado nos EUA em 2019 por dez acusações, incluindo envolvimento em atividade criminosa, tráfico de drogas e posse de armas de fogo. Foi condenado à prisão perpétua e condenado a pagar uma multa de 12,6 mil milhões de dólares.