Se usa o Instagram ou Facebook, atenção: a Meta vai começar a usar as suas conversas com o chatbot para lhe vender coisas

CNN , Clare Duffy
1 nov, 11:00
Meta

Anúncios direcionados aos utilizadores são a chave para uma nova forma de fazer as redes sociais lucrarem

A Meta vai começar a usar o que as pessoas dizem ao seu chatbot de inteligência artificial para melhorar ainda mais a forma como lhes vende produtos. A empresa anunciou recentemente que as conversas e interações dos utilizadores com o Meta AI passarão em breve a ser usadas para lhes mostrar anúncios ainda mais personalizados. Os utilizadores começarão já a ver avisos sobre esta alteração, mas ela só entrará em vigor a 16 de dezembro.

A Meta já direciona anúncios com base no que os utilizadores publicam e clicam, bem como em quem seguem, nas suas plataformas de redes sociais. Esses dados permitem à Meta inferir o que os utilizadores poderão querer comprar.

Mas há mais, porque nas conversas com o chatbot da Meta, os utilizadores podem dizer diretamente à empresa o que estão a procurar comprar, para onde vão viajar em breve ou que problemas têm que um produto poderia resolver.

A empresa também vai usar dados do Meta AI para ajudar a decidir que tipos de conteúdo os utilizadores veem no seu site.

A Meta explica, por exemplo, que se um utilizador falar com o chatbot sobre caminhadas, a empresa saberá que ele tem interesse no desporto e mostrará mais conteúdo relacionado com caminhadas. Mas a mudança também aumenta a pressão sobre a Meta para evitar que conversas pessoais ou delicadas com a IA - por exemplo, sobre um relacionamento, tendo em conta quantas pessoas já usam chatbots como terapeutas - levem a recomendações de conteúdo potencialmente prejudiciais.

“Tal como outros serviços personalizados, adaptamos os anúncios e o conteúdo que vês com base na tua atividade, garantindo que a tua experiência evolui à medida que os teus interesses mudam”, explica a Meta no comunicado que fez a anunciar a mudança. “Muitas pessoas esperam que as suas interações tornem o que veem mais relevante. Em breve, as interações com as IAs serão outro sinal que usamos para melhorar a experiência das pessoas.”

Segundo a empresa, o Meta AI tem mil milhões de utilizadores mensais, embora não esteja claro com que regularidade esses utilizadores interagem com o chatbot. É possível falar com o chatbot através do Facebook, Instagram, WhatsApp ou da aplicação autónoma Meta AI.

E a empresa já está a arrecadar somas enormes com o seu negócio de publicidade. Só no último trimestre, obteve 46,5 mil milhões de dólares (43,2 mil milhões de euros) em receitas publicitárias, um aumento de mais de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior. As ações da Meta (META) subiram quase 20% desde o início deste ano, elevando o seu valor de mercado para 1,8 biliões de dólares (1,67 biliões de euros) em 1 de outubro.

No entanto, em Silicon Valley, há quem acredite que as pessoas vão, cada vez mais, querer fazer as suas compras online através de chatbots de IA, em vez de pesquisarem no Google ou percorrerem as redes sociais. O rival da Meta, a OpenAI, lançou recentemente a possibilidade de os utilizadores comprarem determinados produtos diretamente através do seu próprio chatbot, o ChatGPT, embora este não seja atualmente um negócio baseado em publicidade.

Os utilizadores da Meta continuarão a ter a opção de usar a ferramenta de “preferências de anúncios” para adicionar ou remover tópicos de anúncios direcionados, e a empresa oferece funcionalidades semelhantes para controlar o conteúdo nos feeds do Facebook e do Instagram.

A Meta também afirmou que não vai apresentar anúncios personalizados com base em conversas com o chatbot sobre opiniões religiosas, orientação sexual, opiniões políticas, saúde, origem racial ou étnica, crenças filosóficas ou filiação sindical, em conformidade com a sua política mais ampla de não direcionar utilizadores com base nessas categorias. (Para ser claro, a Meta continua a permitir anúncios relacionados com esses temas; simplesmente não direciona os utilizadores com base no seu interesse presumido neles).

Depois de a empresa ter lançado a aplicação Meta AI, surgiram relatos de utilizadores que ficaram embaraçados por terem, sem saber, partilhado publicamente conversas pessoais que pensavam ser privadas, sobre questões de relacionamento ou finanças. A Meta acabou por adicionar um aviso pop-up a alertar os utilizadores antes de publicarem uma conversa de IA no feed público chamado Discover.

Esse feed foi substituído pelo “Vibes”, um feed infinito de vídeos criados por utilizadores e gerados por IA.

Por isso, com a alteração no direcionamento de anúncios da Meta a entrar em vigor no final deste ano, se vires demasiados vídeos de cães gerados por IA no Vibes, prepara-te para seres bombardeado com anúncios relacionados com cães no Instagram.

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