Os 10 e os Deuses (nº 19): Dragan Stojkovic

23 fev 2017, 10:24
Dragan Stojkovic

O dez de desenho-animado.

O 10 sempre foi mais do que um número, um dorsal, mais até do que uma posição em campo. O 10 era o craque, o líder incontornável do ataque. Criador e, muitas vezes, também finalizador. No passado, muitas vezes o 10 era o 10, outras camuflava-se noutros números. «Os 10 e os deuses» recupera semanalmente a história destes grandes jogadores do futebol mundial. Porque não queremos que desapareçam de vez. 

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Piksi, o endiabrado mas fofinho ratito-de-laço Pixie de Pixie and Dixie and Mr. Jinks, um cartoon popular que atravessa fronteiras e faz sorrir as crianças jugoslavas. Também ele endiabrado em campo, depressa identificam naqueles 1,75 metros carregadinhos de classe alguém que faz gato-sapato de todos os mr. Jinks que lhe aparecem pela frente. Um driblador puro, arranca gargalhadas incontroláveis, das que fazem doer de não se conseguir parar.

Nasce em Nis, joga no Radnicki da terrinha. Transfere-se para o Estrela Vermelha e toca o céu. Tem a confiança de um desenho animado que ganha sempre.

Transfere-se para o Marselha de Tapie, que convence também Waddle, Papin, Abedi Pele e Mozer e tem então Franz Beckenbauer, o Kaiser, sentado no banco. Conta a lenda que se terá virado para o sucessor Raymond Goethals e recusado marcar um penálti na final continental do ano seguinte, favorita a ser reconhecida como a mais enfadonha de todos os tempos. 1991.

«Por que não marcas tu? Se marcar toda a Jugoslávia vai odiar-me. Se falhar, será a França a desprezar-me». Terá dito, conta-se.

Não vai para os 11 metros, e o Estrela Vermelha vence.

No ano anterior, o Campeonato do Mundo. A aposta de Tomislav Ivkovic com Maradona, e o Pelusa a falhar. Ele, sem aposta feita, a falhar também. A Jugoslávia eliminada nos quartos de final. Para trás o rasto de classe, sobretudo no encontro com a Espanha, em que marca dois golos magníficos.

Em Marselha, a lesão no joelho, e o empréstimo ao Verona. Começa o calvário. As lesões sucedem-se, tornam-se crónicas. Dificilmente conseguirá ser tão grande como prometera.

Acaba no Japão, no Nagoya Grampus de... Arsène Wenger e Gary Lineker.  Sete épocas, que o elevam ao estatuto que merece, até abandonar em 2001.

Um Dez brilhante, com um ego a roçar a arrogância de tão confiante. Um playmaker, a partir de qualquer parte do campo. Mais recuado ou mais perto do avançado. Visão, técnica, criatividade, habilidade e capacidade de drible. Estava tudo lá. Não fossem as malditas lesões...

O canto direto marcado ao Partizan:

Dragan Stojkovic
3 de março de 1965

1981-1986, Radnicki, 70 jogos, 8 golos
1986-1990, Estrela Vermelha, 120 jogos, 54 golos
1990-1994, Marselha, 29 jogos, 5 golos
1991-1992, Verona (empréstimo), 19 jogos, 1 golo
1994-2001, Nagoya Grampus Eight, 184 jogos, 57 golos

Jugoslávia, 84 jogos, 15 golos

Currículo:

2 campeonatos jugoslavos (Estrela Vermelha, 1987-88 e 1989-90)
1 taça da Jugoslávia (Estrela Vermelha, 1989-90)
1 campeonato francês (Marselha, 1990-91)
1 Taça/Liga dos Campeões (Marselha. 1992-93)
2 taças do Imperador (Nagoya Grampus, 1995 e 1999)
Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de 1984

MVP campeonato jugoslavo 1988 e 1989
MVP campeonato japonês 1995
Futebolista do ano no Japão 1995
Futebolista do ano na Jugoslávia 1988 e 1989
FIFA XI 1991 e 1998
Onze ideal do Mundial 1990

Depois do Estrela Vermelha, o Nagoya Grampus foi porto de abrigo para o talento de Stojkovic.

Primeira série:

Nº 1: Enzo Francescoli
Nº 2: Dejan Savicevic
Nº 3: Michael Laudrup
Nº 4: Juan Román Riquelme
Nº 5: Zico
Nº 6: Roberto Baggio
Nº 7: Zinedine Zidane
Nº 8: Rui Costa
Nº 9: Gheorghe Hagi
Nº 10: Diego Maradona

Segunda série:

Nº 11: Ronaldinho Gaúcho
Nº 12: Dennis Bergkamp 
Nº 13: Rivaldo
Nº 14: Deco
Nº 15: Krasimir Balakov
Nº 16: Roberto Rivelino
Nº 17: Carlos Valderrama
Nº 18: Paulo Futre

A classe de Stojkovic.

 

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