Cadeiras de rodas proibidas na Meia Maratona de Lisboa: «Inadmissível»

13 mar 2023, 10:01
Meia Maratona de Lisboa

Organização defende-se com questão de segurança, «devido a incidentes graves ocorridos em edições anteriores»

Os atletas de cadeira das rodas foram impedidos de participar na meia maratona de Lisboa, que decorreu este domingo.

A situação foi relatada pelos Iron Brothers, dupla composta pelos irmãos Pedro e Miguel Ferreira Pinto – Pedro tem paralisia cerebral, presença habitual neste tipo de provas.

«Hoje o impensável aconteceu. Quando as cadeiras da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa estavam a descer das carrinhas, para os utentes e voluntários participarem na Mini Maratona, como já é tradição da associação há mais de 20 anos, o Diretor de prova, no local, deu indicação à PSP [Polícia de Segurança Pública] para o impedir, dizendo que estavam proibidas as cadeiras de rodas na prova», lê-se na publicação dos Iron Brothers.

«No século XXI isto é absolutamente inadmissível e é uma violação gritante do princípio da igualdade. É uma descriminação vergonhosa de pessoas com deficiência, quando andaram a publicitar a prova como inclusiva», denunciou ainda a dupla.

Ora, em comunicado, a organização da meia maratona de Lisboa, o Maratona Clube de Portugal, justificou-se com a segurança dos próprios participantes, e «devido a incidentes graves ocorridos em edições anteriores».

«Enquanto responsável pela segurança de cada um dos milhares de participantes nas provas por si organizadas, o Maratona Clube de Portugal vem por este meio reforçar que a não participação de concorrentes em cadeiras de rodas, cadeiras de bebés e outros equipamentos nas provas deste domingo, se deve exclusivamente a questões de segurança (…). Estas regras foram comunicadas no regulamento das provas e na Sport Expo, que lamentamos se não estiveram claras o suficiente», defendeu o organismo.

A entidade lembra que foi pioneira na «inclusão e, que entre 1998 e 2018, organizámos em Lisboa, em conjunto com a Meia Maratona, 20 edições da prova de deficientes motores em cadeiras de rodas com atletas semi-profissionais de todo o mundo».

«Não obstante, somos os primeiros a lamentar o transtorno causado aos participantes que hoje se viram privados de participar. Já entrámos em contacto com a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e mostrámos a nossa disponibilidade para procurar em conjunto uma forma em que possamos contar com a participação dos seus associados, salvaguardando a segurança de todos os participantes», lê-se ainda.

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