EUA pedem solução diplomática mas estão prontos para tomar "as medidas necessárias" caso a ameaça escale
As Forças de Defesa Israel (IDF) continuam a atacar alvos do Hezbollah no Líbano, mesmo depois de alegarem ter matado “a maioria” dos dirigentes daquela milícia xiita libanesa. Só este domingo, perto de 50 pessoas morreram na sequência de ataques israelitas, sobretudo no leste e sul do Líbano.
Só na província de Baalbek-Hermel, no leste do Líbano, morreram pelo menos 21 pessoas e há registo de 47 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês. As IDF dizem ter atingido também alvos Houthis no Iémen, designadamente uma central de energia e o porto marítimo de Hodeida, em retaliação pelo ataque dos Houthis, que lançaram no sábado um míssil balístico contra o aeroporto Ben Gurion, perto de Telavive, quando o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu estava a chegar de Nova Iorque. Os ataques contra alvos Houthis no Iémen fizeram pelo menos quatro mortos.
No total, há registo de mil mortos e mais de 6.000 feridos no Líbano como resultado dos ataques israelitas à capital, Beirute, e a outras partes do país nas duas últimas semanas.
Neste contexto, o Irão não afasta a possibilidade de abrir uma guerra com Israel. Isso mesmo deixou claro o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, que alertou este domingo que “todas as possibilidades estão em aberto” no conflito com Israel, incluindo a guerra, após a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, um aliado de Teerão.
“Todos reconhecem o perigo de uma guerra na região. Esta situação é muito perigosa e todas as possibilidades estão em aberto neste momento”, declarou Araghchi a partir de Nova Iorque, de acordo com a agência noticiosa iraniana Fars.
Isto no mesmo dia em que França, Alemanha e Reino Unido se juntaram num apelo para cessar-fogo “imediato” no Líbano. Receando uma incursão terrestre em Beirute, os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha e Reino Unido assinaram uma declaração a exigir um acordo para "cessar-fogo imediato" face à escalada do conflito na região.
O chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, defende que Telavive tem de “parar imediatamente os ataques ao Líbano”, enquanto o seu homólogo britânico, David Lammy, entende que “uma solução diplomática é a única via para restabelecer a segurança e a estabilidade do povo libanês e do povo israelita”.
Já Annalena Baerbock, ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, afirmou à emissora ARD que a morte de Hassan Nasrallah "ameaça desestabilizar todo o Líbano", o que "não é de todo do interesse de Israel em termos de segurança".
EUA prometem tomar “as medidas necessárias” em caso de ameaça do Irão
Os EUA, que justificaram o assassínio de Hassan Nasrallah como “uma medida de justiça” para com todas as vítimas do líder do Hezbollah ao longo dos seus 32 anos no poder, entendem agora que entrar numa “guerra total” com o Hezbollah e com o Irão “não é a forma alcançar” o objetivo de Israel de trazer de volta ao norte do país os residentes deslocados desde 7 de outubro.
"Se querem trazer essas pessoas de volta a casa de forma segura e sustentável, acreditamos que o caminho diplomático é o correto”, declarou o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby.
Ainda assim, os EUA prometem responder com “as medidas necessárias” em caso de ameaça do Irão. Isso mesmo deixou claro o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, que afirmou, em comunicado, que "os EUA estão determinados a impedir que o Irão, os seus parceiros e os seus representantes tirem partido da situação ou façam escalar o conflito", que se intensificou nos últimos dias com os bombardeamentos de Israel no Líbano.
Se o Irão ou os seus aliados "utilizarem este momento para atacar o pessoal ou os interesses dos Estados Unidos na região, os EUA tomarão todas as medidas necessárias para defender" o seu povo, advertiu.
Para prevenir isso mesmo, o Departamento de Defesa vai "reforçar ainda mais" as suas capacidades de defesa aérea na região "nos próximos dias" e tem tropas "adicionais" prontas a ser destacadas para o caso de ter de responder a "várias contingências", acrescenta-se no comunicado.
Apesar desta postura defensiva, o Pentágono garante que Lloyd Austin e os líderes do departamento continuam focados na "redução da escalada através da dissuasão e da diplomacia", bem como na "proteção dos cidadãos e das forças dos Estados Unidos" e na "defesa de Israel".