"É assim que caem as ditaduras." Israel começou a preparar ataques ao Irão em dezembro, Netanyahu apresentou plano a Trump em fevereiro

18 jun, 09:09
Donald Trump e Benjamin Netanyahu na Sala Oval (Lusa)

Agora, os ataques sucedem-se e o colapso do regime iraniano já não é apenas hipótese — é ambição declarada

A engrenagem começou a mexer-se discretamente em dezembro. Com o Hezbollah desfeito e o regime de Bashar al-Assad em queda livre, abriu-se um corredor aéreo entre Israel e o Irão. A oportunidade estratégica estava criada — e Israel não perdeu tempo. Segundo o "The New York Times", foi nesse momento que Telavive começou a desenhar os contornos dos ataques ao Irão, agora em curso.

Dois meses depois, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aterrou em Washington com um plano na bagagem. Na Sala Oval da Casa Branca, e olhos nos olhos com Donald Trump, Netanyahu terá apresentado uma exposição detalhada sobre o programa nuclear iraniano — uma espécie de dossiê final sobre uma ameaça que Israel sempre classificou como existencial.

A resposta de Trump não foi imediata nem unívoca. Entre o impulso belicista e a tentação de não fazer nada, o Presidente dos Estados Unidos escolheu, pelo menos num primeiro momento, um caminho intermédio: segundo o "The New York Times", optou por fornecer a Israel um apoio da comunidade de informações norte-americana — um auxílio cujos contornos exatos continuam, até agora, por divulgar.

O jornal descreve o episódio como parte de uma mudança mais ampla na forma como Donald Trump tem vindo a posicionar-se relativamente ao Irão — uma oscilação estratégica, mas também mediática. Por exemplo: quando acordou numa sexta-feira recente, a Fox News (o seu canal favorito) transmitia em direto e em modo celebração as imagens dos ataques israelitas, retratando-os como expressão de “génio militar”. Trump não resistiu, assegura o "The New York Times", citando fontes próximas da Casa Branca: apressou-se a reclamar algum mérito pelo que estava a acontecer.

Mas há um subtexto mais denso nesta narrativa. O trabalho de fundo do "New York Times" conclui que, com Trump agora a sugerir uma possível intervenção direta dos EUA, "são poucas as indicações de que o conflito possa ter um desfecho rápido através da diplomacia".

Israel também não parece disposta a enveredar por qualquer solução diplomática. Enquanto o exército israelita (IDF) prossegue as operações em território iraniano, o ministro da Defesa, Israel Katz, publicou esta quarta-feira uma mensagem no X (antigo Twitter) com ecos de fim de regime: "Um tornado varre Teerão. Estão a ser bombados e a colapsar símbolos de poder — desde a autoridade de radiodifusão e, em breve, outros alvos, enquanto massas de residentes fogem. É assim que caem as ditaduras". 

A declaração, deliberadamente incendiária, aponta para um cenário de colapso do regime da República Islâmica. Os alvos dos ataques continuam a ser instituições-chave: centros governamentais, instalações militares, infraestruturas nucleares. A guerra, pelo menos por agora, não parece ter intenção de se esconder — nem de parar.

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