Médicos com “pressão acrescida” em Lisboa com fecho de urgência pediátrica em Loures

Agência Lusa , CE
2 mar 2023, 00:20
Urgências pediátricas do Beatriz Ângelo fecham já esta quarta-feira à noite e no fim de semana

O encerramento das urgências pediátricas do hospital de Loures à noite e ao fim de semana vai obrigar as crianças a serem atendidas, a partir de desta quarta-feira, nos hospitais de Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) defendeu esta quarta-feira que “reorganização não pode ser significado de encerramento”, alertando que o fecho da urgência de pediatria do Hospital Beatriz Ângelo vai criar “pressão acrescida” na região de Lisboa.

“Reorganização não pode ser significado de encerramento e diminuir a acessibilidade de doentes em situação de grande instabilidade e de grande perturbação”, sublinhou à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.

O encerramento das urgências pediátricas do hospital de Loures à noite e ao fim de semana vai obrigar as crianças a serem atendidas, a partir de hoje, nos hospitais de Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier.

A solução foi anunciada hoje pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), depois de a administração do Hospital Beatriz Ângelo ter informado na terça-feira que, a partir de hoje, as urgências pediátricas vão funcionar apenas de segunda a sexta-feira entre as 09:00 e as 21:00, por dificuldades em completar as escalas das equipas médicas.

Para Roque da Cunha, esta situação “vai criar uma pressão acrescida às já muito débeis escalas” naqueles hospitais que “recebem doentes um pouco de todo de todo o sul do país, com problemas muito sérios”.

“Este encerramento é mais um sinal que o Governo continua a criar as condições para que mais médicos saiam do Serviço Nacional de Saúde (SNS), porque, como é evidente, aumenta a pressão junto da pedopsiquiatria do Hospital de Santa Maria para os profissionais que lá estão”, realçou.

O dirigente sindical vincou que a decisão cria “mais constrangimentos de acesso a pessoas que são débeis em termos financeiros e têm problemas sérios”, como nos casos psiquiátricos na área da infância e da adolescência.

Em relação às urgências de pedopsiquiatria, Roque da Cunha lembrou que estas são o “garante de uma resposta que tem de ser imediata”.

“Como é evidente, não têm a mesma incidência de uma amigdalite, mas tem muitíssima mais gravidade, daí a necessidade de não se encerrarem os serviços”, apontou, lembrando que o Hospital Dona Estefânia é “referência não só para a área de Lisboa, mas para praticamente todo o sul do país”.

Desde o início de fevereiro que a Rede Nacional de Serviços de Urgência de Psiquiatria da infância e adolescência inclui três equipas de urgência designadas por Norte, Centro e Região de Lisboa e Vale do Tejo, Região do Alentejo e Região do Algarve.

Segundo o regulamento consultado pela agência Lusa lê-se que no Norte a urgência regional de pedopsiquiatria vai funcionar no Centro Materno Infantil do Norte, que pertence ao Centro Hospitalar Universitário do Porto.

No Centro, a urgência de psiquiatria da infância e adolescência está sediada no Hospital Pediátrico de Coimbra e, em Lisboa, no Hospital D. Estefânia, do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.

Os três casos incluem presença física de uma equipa dedicada sete dias por semana das 08:00 às 20:00, sendo a última admissão às 19:00.

O atendimento urgente de pedopsiquiatria funcionará apenas no período diurno.

No período noturno, as crianças e jovens são avaliadas e orientadas pelas urgências pediátricas gerais que, em função da sua natureza, referenciam os casos para atendimento urgente ou programado.

O secretário-geral do SIM frisou também que nos próximos anos irão reformar-se cerca de 1.000 médicos por ano, considerando que aliando-se a essas saídas a “incapacidade de contratar médicos”, o SNS estará “no pior dos mundos”.

“Esta reestruturação tem de ser feita com o conhecimento dos médicos que trabalham nesses locais, para darem alguma instabilidade, alguma previsibilidade e capacidade de resposta, porque no momento em que se encerra um determinado serviço para voltar a reabrir, tudo muito mais difícil”, analisou ainda Roque da Cunha.

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