Médicos: sindicatos rejeitam proposta do Governo e mantêm greves (mas não concordam com entrada de mediador na negociação)

Agência Lusa , DCT
28 jul 2023, 15:07

Joana Bordalo e Sá confirmou a greve marcada para 1 e 2 de agosto, assim como uma concentração junto ao Ministério da Saúde, que servirá também para a federação de sindicatos entregar a sua contraproposta. Segundo Jorge Roque da Cunha, o sindicato também vai manter a greve dos médicos marcada para 9 e 10 de agosto nos hospitais e centros de saúde da região Centro

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) defendeu esta sexta-feira um mediador independente e externo para conduzir as negociações com o Ministério da Saúde sobre a valorização da carreira, alegando o impasse no processo que decorre desde 2022. Já o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) vai apresentar uma contraproposta sobre a valorização da carreira na próxima semana ao Ministério da Saúde e manifestou-se contra um mediador para conduzir as negociações com o Governo.

“A próxima reunião, a acontecer, deveria ser na presença de um mediador externo e independente, porque não se pode continuar neste impasse”, adiantou à Lusa a presidente da Federação Nacional dos Médicos, após mais uma ronda negocial com o Governo.

Joana Bordalo e Sá confirmou ainda a greve marcada para 1 e 2 de agosto, assim como uma concentração junto ao Ministério da Saúde, que servirá também para a federação de sindicatos entregar a sua contraproposta.

Segundo disse, a reunião desta sexta-feira com o Ministério da Saúde serviu para a FNAM receber formalmente a proposta que tinha sido enviada pelo Governo na madrugada de quinta-feira, por via eletrónica, o que aconteceu “ao fim de cerca de 15 meses" de negociações, o que “demonstra uma profunda má-fé por parte do Ministério da Saúde” neste processo.

Segundo Jorge Roque da Cunha, o sindicato também vai manter a greve dos médicos marcada para 9 e 10 de agosto nos hospitais e centros de saúde da região Centro. “Na próxima semana, estaremos em condições de fazer essa contraproposta. O processo está muito difícil e não vamos desconvocar a greve” de um mês que os médicos de família estão a fazer às horas extraordinárias, adiantou à Lusa o secretário-geral do SIM, após mais uma ronda negocial com o Governo.

Após a reunião conjunta de hoje, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) defendeu um mediador independente e externo, alegando o “impasse” em que se encontram as negociações que decorrem desde 2022, mas o SIM rejeitou essa possibilidade.

“Essa figura não faz qualquer sentido”, salientou Roque da Cunha, ao considerar que o Governo está “legitimamente mandatado pelo povo português para negociar” e que o SIM não sente que tenha “qualquer capacidade diminuída para solicitar a uma terceira entidade para fazer parte do processo negocial”.

“Rejeitamos em absoluto essa ideia que respeitamos, mas não só não tem qualquer enquadramento jurídico, como não faz qualquer sentido politicamente”, considerou o dirigente sindical.

De acordo com Roque da Cunha, a ronda negocial de hoje serviu para o sindical “alertar para um conjunto de situações inaceitáveis” na proposta que o ministério enviou na quinta-feira aos sindicatos, como é o caso do aumento de “1,6% dos salários dos médicos”, quando perderam “20% do poder de compra” nos últimos 10 anos.

Já quanto à proposta de dedicação plena, o secretário-geral do SIM alertou que assenta “num conjunto de pressupostos que são exigidos e acabam por aumentar a carga de trabalho”, caso do limite das 300 horas extraordinárias anuais, o dobro das que vigoram atualmente.

Como aspeto “positivo” da reunião de hoje, Roque da Cunha adiantou que o Governo aceitou um “conjunto de sugestões que garante que não há perda de vencimento” para os médicos das Unidades de Saúde Familiar.

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