Imprensa internacional dá destaque não só à morte de uma grávida durante a transferência hospitalar, mas também ao problema estrutural no Serviço Nacional de Saúde português
Um dos maiores elogios a Marta Temido chega do Brasil, onde, para se noticiar a demissão, a ministra da Saúde é descrita como a “estrela do combate à Covid”. Mas, no mesmo título, reforça-se o cenário de “crise na saúde”.
A saída de Marta Temido, horas depois da notícia avançada pela TVI/CNN Portugal sobre a morte de uma mulher grávida transferida do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por falta de vagas, correu também a imprensa internacional. E chegou inclusivamente à Índia, o país de origem da mulher de 34 anos.
Se a agência noticiosa ANI conta os detalhes do caso, o “Indian Express” adota um tom mais opinativo, escrevendo que a resposta da ministra ao “trágico incidente não resolverá o problema da falta de médicos”, chamando antes a atenção para “um princípio que parece ter, cada vez mais, escapado do léxico daqueles que ocupam altos cargos: a responsabilidade”.
Em França, a notícia da Agence France-Presse, num texto replicado por órgãos de comunicação como o “Le Figaro”, destaca que Marta Temido era “apreciada pela gestão da crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19”, tendo sido “um dos membros mais populares do executivo socialista” de António Costa. Ainda assim, vinha sendo recentemente criticada pelos profissionais do setor, acrescenta-se.
Já a britânica BBC, que também reconhece o “crédito” na gestão da pandemia, explica que a demissão “segue uma cadeia de incidentes este verão, que os críticos atribuem à falta de profissionais”. O “The Guardian” escreve mesmo que a morte da mulher grávida “causa indignação” sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde.
A agência Associated Press também dá conta de que Marta Temido era “um dos membros mais populares” da equipa de António Costa durante a pandemia, realçando que “estava sob pressão há vários meses”.