25 mil casos covid-19 num dia. Ministra admite antecipar quarta dose e SNS 24 vai prescrever testes no atendimento automático

12 mai 2022, 10:37

Marta Temido admite que é possível um passo atrás no levantamento de restrições, mas assinala que a fase da pandemia em que estamos é de "autorresponsabilidade"

A ministra da Saúde falou esta quinta-feira sobre a situação epidemiológica no país, no âmbito da pandemia de covid-19, e admitiu que "não está nenhuma hipótese fora da discussão", questionada sobre um eventual passo atrás nas medidas de restrição de contágios, numa altura em que o país registou perto de 25 mil casos diários de covid-19: segundo os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde, divulgados a 11 de maio, nas últimas 24 horas Portugal contabilizou 24.538 casos e 26 óbitos por covid-19.

Marta Temido frisou ainda que o país está num momento de "autorresponsabilidade", em que cada um deve proteger-se e proteger os outros, referindo ainda que acredita que Portugal vai conseguir "ultrapassar esta fase de crescimento de casos". E explicou que a linha SNS 24 vai, a partir do final da semana, fazer prescrição de testes antigénio a quem tiver autoteste positivo através de atendimento automático, uma "circunstância facilitadora" para responder ao aumento dos contágios. O encaminhamento para teste gratuito através do "atendimento robotizado" do SNS24, frisou a ministra, ultrapassará assim "constrangimentos de espera", sem obrigar a regressar a soluções anteriores que o Executivo entende agora não serem adequadas.

A ministra confirmou que a tendência de subida de casos é crescente, "com R(t) a subir e uma inversão da tendência que vínhamos registando de decréscimo da mortalidade". Mas ressalvou que a situação epidemiológica está ainda "totalmente controlada" em termos do impacto sobre os serviços de saúde e da mortalidade geral, admitindo que há uma situação de "agravamento" que o Governo está a acompanhar.

Dose de reforço da vacina pode ser antecipada

Questionada sobre uma eventual antecipação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 para grupos de risco, Marta Temido revelou que a comissão técnica de vacinação tem estado a analisar o tema.

"Sei que há recomendações de adaptação para serem feitas brevemente, mas não temos ainda esse detalhe informativo, ou seja, mantém-se o que a DGS tinha dito", referiu Marta Temido, acrescentando que "uma antecipação da prioridade inicialmente definida pode acontecer". O Governo tinha previsto a vacinação dos grupos de risco com a quarta dose da vacina contra a covid-19 no final do verão.

"Temos uma situação epidemiológica que, neste momento, regista um aumento do número de casos e o aumento era expectável", esclareceu a ministra, reportando-se ao mais recente relatório de monitorização do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) com a sequenciação genómica das variantes de covid-19, que indica que a linhagem BA.5 da variante Ómicron já é responsável por 37% dos casos de infeção em Portugal, uma tendência de crescimento que deve chegar aos 80% a 22 de maio. 

"Estamos também a monitorizar linhagens de preocupação, pela sua disseminação, mas ainda não temos nota de que haja impacto sobre a gravidade da doença e isso é um aspeto muito importante", destacou Marta Temido.

Questionada sobre um eventual regresso da obrigatoriedade das máscaras, a governante lembrou que a utilização de máscaras "não está proibida" e que o seu uso implica uma "cultura de responsabilidade dos cidadãos". 

Especialistas ouvidos pela CNN Portugal defendem que a eliminação das máscaras está a ter um impacto assinalável na subida dos contágios de covid-19: o matemático Henrique Oliveira diz que queda da obrigatoriedade parece ter tido um "efeito muito acentuado na subida de casos atual" e Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, defende que “não devíamos ter libertado o uso de máscara de forma tão radical”, pedindo o regresso das máscaras em algumas situações do contexto laboral.

 

 

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