Pode um filme ser tão poético e tão político? Marta e Maria respondem, de mãos dadas, com "Fogo do Vento"

Anabela Mota Ribeiro , Imagens: cortesia Clarão Companhia e Marta Mateus
13 ago, 18:55
Maria Catarina Sapata Créditos Filme Fogo do Vento

ENTREVISTA || Nas intervenções da plateia ouviram-se questões como: pode um filme ser ao mesmo tempo tão poético e tão político, erguer-se sobre a memória pessoal e a memória colectiva, pode um filme comover cerca de 2000 pessoas e promover uma reflexão sobre o fio da História, a guerra, uma comunidade? Aconteceu hoje, no começo da tarde, no Festival de Cinema de Locarno onde Marta Mateus estreou a sua primeira longa metragem. “Fogo do Vento”, um dos 17 filmes a concurso na competição internacional, tem produção da Clarão Companhia, Casa Azul Films e Les Films d’Ici. Uma pessoa sugeriu a edição dos diálogos num pequeno libreto, como na ópera: para continuar a pensar sobre o tanto que ali se passa.

Em Fogo do Vento vemos o entrançado do Tempo, a seiva e o sangue, pão e vinho, uma cobra e um boi, vinhas e sobreiros. Marta Mateus filma o trabalho, o bicho do dinheiro que tem muitas patas, a luta de classes, os que têm “os pés descalços, geladinhos”, os que dizem que “a tontura da fome é pior do que a do vinho”, os que se lamentam: “se eles sangrassem como nós”. Os esquecidos, os proscritos, os que têm memória, os sábios. Uma mulher que espera casar com um homem bom. “Um homem que estenda a roupa”, define outra mulher, Maria Catarina Sapata, que conhecemos na curta metragem Farpões Baldios (2017) e reencontramos no coração da primeira longa da realizadora. Este é o resumo de uma conversa que se iniciou há muito, muito tempo, e que continua.

 

Marta Mateus – Está boa?

Maria Catarina Sapata – Boa, boa não estou. Estava boa se não me doesse nada. Dói-me uma perna e as costas.

Tenho os ossinhos todos estragados. Do trabalho. Não vale a pena ser operada porque posso ficar pior, até posso ficar numa cadeirinha de rodas.

Tem quase 84 anos. Quando ainda trabalhava, sentiu o corpo a fraquejar?
Maria – Nunca senti nada. Carregava tal e qual como as outras pessoas. Caixas de uva, tudo. Na apanha da azeitona, tanto podia levar 30 como 50 quilos. A gente punha às costas e puxava. Até podermos.

Com que idade começou na apanha da azeitona?
Maria – Muito nova. Aos 14 anos já andava em Vila Viçosa de empreitada. Fui com um rancho e o meu irmão. O que queríamos era ganhar dinheiro. E sempre continuei na mesma vida, sempre a trabalhar no campo.

Maria Catarina Sapata

Olhe para as suas mãos e diga-me o que vê nelas.
Maria – São jeitosas em tudo. Porque a minha mãe fez-me aprender tudo.

Era a filha do meio, tinha de reparar nos mais pequeninos e ir fazendo as coisas dos mais velhos. Passar a ferro, lavar. Não havia águas em casa. Só não gostava de andar a servir. Gostava e não gostava... Comecei com uns seis ou sete anos. Esfregava o fogão, talheres, ajudava nos quartos em troca de comida. À noite, chorava: tinha a barriga cheia e os meus irmãos não. Acabava por vir embora dos sítios onde andava a servir. Éramos sete filhos. Em casa, tomava conta deles. Nas horas da manhã, andava à pidinha. Batia de porta em porta e pedia: “Um bocadinho de pão, pelo amor de Deus”. Ou farinha para fazer umas papinhas.

Marta - Nas mãos da Maria vejo as mãos do trabalho e vejo mãos que se dão. O seu trabalho no campo foi sempre com as mãos. Nos últimos anos, não era tanto um trabalho de força, como foi durante décadas; era sobretudo um trabalho de perícia. E sempre se deu muito aos outros.

Maria – A minha mãe só tinha duas casinhas, uma por cima e uma por baixo. “Levanta-te preguiçosa.” Eu levantava-me logo. Era uso regar as portas e a rua. Coisas que hoje não se vê. E depois fazia renda. Não deixavam a gente andar pelas ruas, não é? Hoje não é assim. Tenho uma filha que não sabe coser. Às vezes penso: minhas ricas mãos, tão arranjadinhas, a quem as hei-de deixar em herança? Vou deixá-las à Marta.

Como é que se conheceram?
Maria – Há 36 anos, o meu compadre perguntou-me se queria ir pôr vinha. Eu andava sempre por fora. Lisboa, Alverca, Vila Franca, Samora Correia, Castanheiro do Ribatejo, Benavente. Onde aparecia trabalho. Sempre no campo. Antes e depois de casar. Casei com 21 anos.

Marta – A primeira vez que vi a Maria Catarina estávamos a rotular garrafas. Um rapaz dizia que aquilo lembrava os Tempos Modernos do Chaplin! Porque é muito rápido. E nós fazemos parte da máquina. A Maria disse que gostava mesmo era de estar no campo. E contou porquê.

Maria – Gosto de plantar a vinha. Era assim: o tractor ia à frente e iam três pessoas atrás a furar o chão e a meter o bacelo.

Marta – Bacelo é a planta enxertada numa outra planta.

Maria – Depois de meter o bacelo, íamos com um pau e calcava-se, para aquilo pegar. Mais tarde, abríamos umas covas para regar.

Marta – A Maria falava da vinha quase como uma mãe fala de um filho. Acompanhava todo o ciclo. As uvas que nascem dependem de como a poda é feita. Esse saber das mãos é que dá os frutos. Ou seja, se se sobrecarregar a vinha, ela dá muitos cachos, mas de menos qualidade. A vinha não é espontânea (ao contrário do trigo, que é semeado e cresce sozinho). Quando se quer fazer um vinho com qualidade, a vinha tem de ser menos carregada, e a uva fica mais concentrada.

Maria – Na vinha havia um engenheiro. Eles sabem muito, mas é nos livros. Ensinei muitas vezes o que se havia de cortar ao engenheiro.

Fotogramas do filme "Fogo do Vento"

A forma da videira resume algo de que estão a falar: é uma planta enxertada noutra. Como o corpo de um filho é gerado num outro corpo. A vossa relação no cinema começou no Farpões Baldios. No Fogo do Vento, há dois elementos: a vinha e os sobreiros. Que relação tem com eles?
Maria – Com os sobreiros não tenho grande relação: é mais para os homens. Eles tiram cortiça, sobem para cortar. O meu marido fazia. Ganhava-se mais dinheiro. Nós, as mulheres, nos sobreiros ou azinheiras apanhávamos a lenha que sobejava para queimar ou bolota para os sacos. No campo, cada uma levava o seu eito, um carreiro. Eu vou aqui, a minha companheira vai ali, eu faço o meu, ela faz o dela. Para a monda usávamos um sachinho. E cantávamos! Cantávamos muito. Cante alentejano. Cantar era o que podíamos fazer à vontade.

O que é que não podiam fazer à vontade?
Maria – Trabalhei muitos anos antes do 25 de Abril. Só podíamos urinar duas vezes. Da parte da manhã e da parte da tarde. Usávamos “calças feitas” de chita, com riscados aos quadrados. Eram umas saias larguinhas que atávamos por dentro com três alfinetes. Havia pessoas que tinham mais vontade; saíam do eito e faziam chichi [de cócoras]. Ninguém usava cuecas por causa disso, podíamos querer fazer chichi e não se podia puxar as cuecas. Havia ranchos em que também havia homens.

Que consciência política tinha antes da Revolução? Além das regras do trabalho, como é que compreendeu que havia coisas que não podia dizer?
Maria – Não sabíamos muito, porque quem sabia alguma coisa não explicava. Sabíamos que a nossa vida era só aquela. Era para entrar àquela hora, sair àquela hora e não havia mais nada. E que não era para responder mal aos que mandavam. Por exemplo, andávamos de empreitada, 35 dias. Era de comer. Ao nascer do sol, tínhamos uma bucha. Pão e azeitonas. Já andávamos há muito a trabalhar. À volta das nove, era uma sopinha de farinha junto aos lavradores, ou sopa de vinagre. Ao meio dia, o jantar: sopa de feijão, sopa de grão. Às quatro da tarde, o capacho. Um homem, o manteeiro, levava a comida sempre àquelas horas, em carroças grandes. Estendíamos o nosso xaile, ficávamos de bruços e comíamos quatro ou cinco pessoas em cada barranhão. Não havia pratos para ninguém. Havia dois que falavam muito; um era meu irmão. Quando o comer não prestava, diziam: “Isto é comer que se dê a quem anda cansado a trabalhar?”. E havia sempre aquele que ia dar as novidades... No ano seguinte, o patrão já não queria aqueles lá. Tínhamos de ter muito cuidado com o falar.

Marta – O que quer dizer com “era de comer”? Davam comida em troca do trabalho?

Maria – Não, não, ganhávamos. Além da paga, davam de comer. Nesses 35 dias, não parávamos, não vínhamos a casa. Nesses 35 dias, enchíamos bem a barriga. No dia do grão, davam carne. No dia do feijão, davam metade de um queijo. Poupávamos o queijinho. Quando as nossas mães nos iam levar roupa lavada, traziam o queijo para quem estava em casa.

Quando é que percebeste que era sobre esta história de luta de classes que querias trabalhar nos teus filmes?
Marta – Eu ouvia histórias de como era a vida antes. “Dividir uma sardinha para dez”, frase que a Maria diz no Farpões, era uma frase que a Vitoriana (uma segunda mãe para mim) me dizia. Lembro-me de calcular o tamanho da sardinha e pensar como é que era aquilo possível.

Maria – E era quando se comiam!

Marta – As pessoas já não viviam nessas condições quando me estavam a contar essa história. Tive uma grande sorte na vida: nasci numa época em que as condições eram outras, além de ter nascido em liberdade. O meu pai era o chamado pequeno proprietário. Tinha uns olivais, uma vinha, a casa da minha avó. Foi com isso que começou a fazer agricultura e construiu a sua vida.

A origem social dos meus avós maternos é distinta e mais próxima das pessoas com quem cresci. O meu avô nasceu no meio da Serra D'Ossa, ia à escola ao sábado de manhã e aprendeu a ler sozinho enquanto tomava conta de ovelhas. Trabalhou desde a idade da Maria, a mesma coisa. Depois foi para a Holanda, fez um trajecto diferente, trabalhavam de manhã à noite. Nunca me senti bem com a opulência e a estratificação social. Sempre falei com todas as pessoas e tenho amigos de diferentes origens sociais. Na adolescência, no embate com os pais, tinha grandes discussões. Achava que o meu pai não compreendia que o lugar de que tinha partido já era um lugar de privilégio, o que me enervava imenso. Claro que o meu pai trabalhou muito. A minha mãe, então... A questão fundamental para mim era história de luta na região, mas sobretudo a consciência de classe. A consciência é um assunto vasto. De onde vêm estas lutas? O que extravasa as classes, o que nos liga e nos anima?

Maria – Eu sou mesmo direita. Mas para votar, sou esquerda.

[Toca o telefone. É uma prima de Maria Catarina que vive na Suíça a quem esta diz, com um sorriso, que o filme vai ser mostrado em Locarno. “Eu não vou. Fizeram-me um convite, mas não posso ir. Já viste se depois me ponho lá muito mal? Metem-se-me coisas na cabeça. Encho-me de nervos e fico pior. Mas vai e leva os teus netos. Diz que aquilo é muito bonito.”]

Sabe escrever o seu nome, mas não sabe ler. Foi à escola?
Maria – Entrei na escola na idade certa, aos sete anos. Mas a minha mãe tinha três filhos mais pequeninos. Como não era obrigatório, ia um dia e ficava em casa uma semana, um mês. Sei fazer bem contas com o lápis, ainda passei para a segunda classe. Depois, casei nova. Não estávamos aqui, andávamos por fora, não tinha vagar para nada. Fiquei assim.

Trabalhadores na ceifa do trigo. Maria Catarina ao canto, com chapéu na cabeça, em cima da palha.

Ramo da Espiga: que significados tem?
Maria e Marta – O trigo é o pão, o alimento. A oliveira é o azeite e representa a paz. O alecrim, a saúde. O malmequer é o ouro. A papoila é o amor. A videira é o vinho e a alegria. Ramo da Espiga que se pendura dentro de casa, como amuleto de protecção e prosperidade.

O que é que recebe do campo e das plantas?
Maria – É bom! Aquele ar. Aquele sol. Aquele ventinho. No Inverno era mais complicado porque sou friolenta. Os pés põem-se gelados, mesmo com dois pares de meias. Batia os pés e eles não aqueciam. As mãos, a mesma coisa. Agora usam luvas, mas dantes não deixavam. Já viu o que é apanhar azeitona do chão, as mãos frias... Mas não há trabalho do campo de que não goste.

Marta – No filme diz: “O campo é mesmo lindo. Nunca nos aborrece”.

Maria – Gosto de todo o trabalho do campo. Todo! E é toda a gente igual, da minha terra ou não.

Os ciganos dizem: “Isto é que é uma grande mulher, ajudava-nos a todos”.

Adora, apesar de ser um trabalho tão pesado.
Maria – Sem dúvida nenhuma. Carreguei muita pedra. Hoje os tractores passam e damos a pedra. Nós tínhamos umas padiolas de madeira, carregava um à frente e outro atrás. Hoje, passa uma máquina e espalha o esterco. Nós tínhamos uns cestos e espalhávamos. Na minha terra fazíamos todo o ano uma estrumeira e vendíamos a quem tinha uma courela. O esterco é um adubo e fazíamos tudo à mão.

No Fogo do Vento, mostra o que traz na carteira. O trevo de quatro folhas, santinhos, fotografias. Que coisas andam sempre consigo? São como que anjos da guarda?
Maria – Nossa Senhora de Fátima. A Senhora de Mileu, a santa da minha aldeia. Prendinhas que me dão: arrecado tudo. As fotografias dos meus pais. Olhe-me lá com 18 anos... Não tínhamos muita roupa, mas tinha roupas bonitas. Papéis com contas. Desenhos engraçados que faço: este tem uvas! Fotografias do António. Uma nota de 50 escudos que era dele. Morreu há três anos. Fomos casados 61 anos, namorei sete anos. Nascemos na mesma rua.

Há uma cena do filme em que vemos umas botas pretas...
Maria – Era onde ele metia o dinheiro. Escondido de mim. Para não gastar. Ganhava mais 50 euros do que eu. Pensava que eu não sabia que tinha o dinheiro na botinha! Ora, eu limpava a botinha, tinha de saber.

Trago a fotografia do meu irmão mais velho, que morreu há 40 anos. O meu irmão mais novo enterrou-se no dia dos meus anos. Nunca mais festejei os anos nesse dia. A minha mãe, que era reguila e ralhava mais. Até brincávamos lá em casa e dizíamos que eu gostava mais do meu pai do que da minha mãe.

O António era parecido, na maneira de ser, com o seu pai?
Maria – Era. Ele dizia que saía à mãe. Eu saí da minha casa para a casa da minha sogra. Ia grávida de quatro meses. Abriu-me a porta. Comprei-lhe uma campa como comprei aos meus pais. A minha sogra andava de porta em porta a levar água; davam-lhe o que calhava.

O António: sempre gostámos um do outro. Eu era muito amiga de dar. Corri muito na vida. Podia ter muito dinheiro e não tenho. Não faz mal. Dividi tudo. Mais valia os meus irmãos ainda cá virem pedirem-me dinheiro. Ele estava sempre bem com tudo. Nunca, mas nunca (se estiver a mentir, que não veja os meus filhos com saúde) passei um dia zangada com o meu António.

Marta Mateus

Consideras a Maria a voz da História e a voz da Terra. O que queres dizer com isso?
Marta – No Farpões, senti que a Maria estava a contar uma história que não era apenas a sua história, mas que era a história de todos. Quando preparámos o Fogo do Vento, o António já não estava cá. E se lhe disséssemos qualquer coisa, como quem está a escrever uma carta?

Maria – Tinha morrido há pouco tempo. Era um homem bom. Uma vez, para o boi não marrar um, meteu-se à frente e o boi partiu-lhe as costelas.

Marta – Estar em cima das árvores para escapar ao boi, foi uma coisa que aconteceu a muita gente. Inclusive aconteceu-lhe a si.

Maria – Ah, pois foi. Primeiro que ele abalasse de lá... Os bois espantam-se, vão danados. A gente sobe para cima da árvore e grita. Se nos apanharem, fazem-nos mesmo mal, que são brutos.

Além dos bois, quais são os grandes perigos do campo?
Maria – De cobras, sou muito medricas, e havia muitas. Usávamos um sacho.

Marta – No Farpões, a Maria diz: “Pisei uma cobra”. Foi uma história que a Vitoriana me contou. Ela estava nas searas a ceifar, pisou uma cobra e a cobra enrolou-se à perna. Enrolam-se e apertam. Não se consegue tirar porque estrangulam a perna.

Maria – Uma vez, entrou-me uma cobra em casa. Vi-a onde é hoje a casa de banho, era o quarto do meu filho, tinha uma caminha de ferro. Veio do quintal.

Marta – No nosso primeiro encontro, falou-me de entregar as crianças à lua. E contou a história dos corvos...

Maria – Dizem: “Não dorme de noite, deve ter lua”.

Um encosto, um feitiço? Como um fantasma que ronda.
Maria – Exactamente. Então benzemos e passa-lhes. Será ditado, não será. Ficam boas. Benzem as pessoas da terra, não é o padre. Eu benzia os meus assim: “Deus é Verbo, Verbo é Deus, estás acobrantado, benza-te Deus”.

Os corvos: quando vemos um, temos medo e respeito. Porque vem trazer más notícias: morre uma pessoa da nossa família. Quando morreram os meus irmãos, andavam corvos por cima de mim. “Ai, nossa Senhora, alguma coisa se vai passar”, dizemos logo todas. Foram-me buscar ao trabalho sempre que os meus morreram. Os meus irmãos, a minha mãe. O meu pai morreu em minha casa no dia em que fazia um ano de a minha mãe se enterrar.

Marta – E quando se vê dois corvos?

Maria – É casamento!

Como é que se sente por ter sido escolhida pela Marta para os seus filmes?
Maria – Muito satisfeita. Passou por aí tanta gente, se me escolheu é porque gosta de mim. [riso] Não sabia como era fazer um filme. Só é chato quando cortam, cortam, porque não dizemos bem. Dizemos a mesma palavra cinco ou seis vezes! A algumas pessoas, dão um papel para decorar. Como não sei ler, tenho de aprender e fixar. Há umas coisas que digo que são verdades. Lembro-me muito bem das portas todas a que bati. Hoje somos ricos ao pé de antes, dou valor ao que tenho. Outras pessoas esquecem, são vaidosas e não contam. Porquê?

 

Glossário

Andar à pidinha – andar a pedir

Barranhão – recipiente de madeira onde se prepara a comida para os porcos; pequeno alguidar

Cante Alentejano - género musical tradicional do Alentejo; considerado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2014

Capacho – água, alho, azeite e pão

Chita – tecido barato e de pouca qualidade, geralmente estampado com cores fortes

Cobranto – mau olhado

De empreitada – fazer um trabalho num terreno até ele estar completo

Eito – um caminho onde se trabalha

Manajeiro – o que dirige um trabalho agrícola

Mondar – tirar a erva, limpar o terreno

Rancho – um grupo de pessoas e uma mulher ou um homem a mandar

Uma casa – um compartimento

 

Entrevista de Anabela Mota Ribeiro, 4 de Agosto de 2024, Alentejo.

 

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