Mark Rutte aumenta pressão sobre a Europa para aumentar investimento na NATO. Só assim estaremos "a salvo dos russos"

João Guerreiro Rodrigues , enviado especial a Haia
25 jun, 09:28
Mark Rutte (Olivier Hoslet/EPA)

Secretário-Geral da NATO voltou a defender que não existe alternativa ao investimento de 5% do PIB em defesa, sublinhando que os políticos "têm de fazer escolhas na escassez"

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, defendeu a mensagem enviada ao presidente norte-americano Donald Trump, que a tornou pública, em que elogia "a ação decisiva" dos Estados Unidos contra o Irão e antecipa uma entrada triunfal de Trump na cimeira da aliança, em Haia, onde se espera que todos os membros aceitem o acordo para investir 5% do PIB em defesa nos próximos anos. 

"Vejam o conteúdo das minhas mensagens. Quando o assunto são os 2%, entregar os 2% do PIB nunca teria acontecido sem ele, sejamos honestos. No início deste ano, sete países diziam 'bem, talvez em 2031 ou 2032'. Agora, todos esses países vão atingir a meta de 2%", afirmou Rutte, em declarações aos jornalistas, no segundo dia da cimeira da NATO. 

A polémica mensagem, tornada pública por Donald Trump na sua rede social Truth Social, mostrava Rutte a dizer que o líder americano está a "voar até outro grande êxito em Haia", depois de ter feito "algo verdadeiramente extraordinário" com o ataque no Irão. Mas a principal polémica está ligada à meta dos 5% do PIB em defesa, que a aliança se prepara para aprovar em unanimidade, com Rutte a sugerir que "a Europa vai pagar-lhe em GRANDE". 

"NÃO tem sido fácil, mas todos estão a concordar com os 5%. Donald, conduziu-nos a todos a um momento muito, muito importante para a América, Europa e mundo. Conseguirás o que NENHUM outro presidente pôde fazer em décadas. A Europa vai pagar-lhe em GRANDE, como deve, e essa será a sua vitória", pode ler-se na imagem partilhada por Trump.

Aos jornalistas, Rutte desvalorizou as suas palavras, sugerindo que no que toca à meta de 5% isso é algo que tem mesmo que acontecer para que a aliança atinja as suas "metas de capacidades" e para se manter "a salvo dos russos", igualando, na prática, a despesa que os EUA têm em defesa. 

Já esta manhã, Rutte voltou a defender que não existe alternativa ao investimento de 5% do PIB em defesa e considerou que os políticos "têm de fazer escolhas na escassez". Apesar de tudo, a decisão não está a ser aceite da mesma forma por todos os membros da aliança. Espanha tem vindo a "bater o pé" contra a medida, sugerindo que a meta de 2,1% é mais do que suficiente para atingir as capacidades que a aliança precisa.

Durante vários dias, as negociações entre a aliança e Madrid intensificaram-se, com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, a anunciar que tinha conseguido uma exceção junto da aliança, por considerar que este gasto poderia comprometer a despesa em áreas como a saúde e a educação. Horas mais tarde, o secretário-geral da aliança desmentiu o executivo espanhol, garantindo que todos estão comprometidos em investir 5% do PIB. 

“É verdade, os países têm de arranjar o dinheiro [para investir]. Não é fácil, são necessárias decisões políticas, reconheço isso. Em simultâneo, há a convicção absoluta de que, dada a ameaça apresentada pela Rússia, dada a situação internacional securitária, não há alternativa”, disse Mark Rutte, à entrada para a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Haia, nos Países Baixos.

Os chefes de Estado e de Governo dos 32 países que compõem a NATO encontram-se esta quarta-feira em Haia para firmar um acordo de investimento para a próxima década, em princípio, que deverá fixar a meta de dedicar 5% do PIB à defesa (3,5% de investimento direto e 1,5% em projetos civis que também podem ter uma utilização militar).

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