Navio com carros da Volkswagen, Porsche, Audi e Lamborghini continua a arder ao largo dos Açores. Autoridades portuguesas acompanham a situação

CNN Portugal , MJC
18 fev 2022, 20:55

O proprietário do Felicity Ace e os elementos de uma empresa holandesa de salvamento já estão nos Açores. Provavelmente, o navio será rebocado para um porto seguro

Continua em curso o incêndio a bordo do cargueiro Felicity Ace, que se encontra à deriva ao largo da ilha do Faial, nos Açores, confirmou à CNN Portugal o comandante Mendes Cabeças, da Capitania do Porto da Horta. O navio, que transportava cerca de quatro mil automóveis das marcas Volkswagen, Porsche, Audi e Lamborghini, está a arder desde quarta-feira.

"A expectativa é que o incêndio continue por mais algum tempo, uma vez que, dado o tipo de carga, com baterias de automóveis e outros materiais altamente inflamáveis, não há nada que possamos fazer. Têm de ser usados meios de combate muito complexos, como a extração de oxigénio, que são ainda mais difíceis de operacionalizar em alto mar. O proprietário do navio já contactou o agente logístico, que é uma empresa holandesa, e estão a considerar as melhores hipóteses. As autoridades marítimas portuguesas estão apenas a acompanhar a situação", explica o comandante.

Não há, até agora, qualquer fonte perceptível de poluição marítima, garante o comandante Mendes Cabeças.

O mais provável é que o navio seja rebocado para um porto seguro, mas não nos Açores, devido ao seu tamanho.

A Marinha Portuguesa, através do Centro de Coordenação de Resgate Marítimo de Ponta Delgada, tem um navio de guerra de prontidão e a monitorizar a deriva do Felicity Ace.

O navio, com perto de 200 metros de comprimento, transportava carga de Emden, na Alemanha, para Davisville, Rhode Island, EUA. De acordo com a Marinha Portuguesa, no momento do início do incêndio, às 11:30 de quarta-feira, o navio estava 90 milhas náuticas (cerca de 170 quilómetros) a sudoeste dos Açores. O incêndio deflagrou no porão de carga e espalhou-se a outros sectores, obrigando os 22 tripulantes a abandonar o navio. A tripulação foi recolhida em segurança pelas autoridades portuguesas nesse mesmo dia.

"A operação de resgate envolve diversos meios, nomeadamente o navio patrulha oceânico da Marinha NRP Setúbal e de quatro navios mercantes que navegam na área. Foram também ativados meios da Força Aérea Portuguesa", explicou a Marinha em comunicado.

Os tripulantes não necessitaram de assistência médica e foram encaminhados para um hotel da Horta. 

Com bandeira do Panamá, o Felicity Alice foi construído em 2005, é propriedade da MOL Ship Management (de Singapura) e é operado pela companhia de navegação japonesa Mitsui O.S.K. Lines. 

Em comunicado, a MOL "agradece à Marinha Portuguesa, às autarquias dos Açores e às embarcações que apoiaram a operação de resgate dos tripulantes na melhor tradição da marinha mercante" e garante que os elementos da "empresa de salvamento" já chegaram aos Açores. "Outros ativos de salvamento estão a ser preparados para atender a embarcação."

O Grupo Volkswagen disse em comunicado à AP que o Felicity Ace transportava veículos construídos na Alemanha para os Estados Unidos, escusando-se a dar informações sobre eventuais consequências que o incidente pode trazer aos clientes ou para a empresa.

A Bloomerg cita um mail interno da Volkswagen AG que refere que o navio transportava perto de quatro mil veículos das marcas Volkswagen, Porsche, Audi e Lamborghini. Os veículos destruídos teriam um valor de mercado de mais de 100 milhões de euros.

A Porsche confirmou à CNN Business que vários carros seus estavam entre a carga e que os clientes com carros a bordo do navio em chamas estão a ser contactados pelos seus revendedores. "Embora ainda seja muito cedo para confirmar o que ocorreu, estamos a apoiar os nossos clientes e os nossos revendedores da melhor maneira possível para encontrar soluções", disse Angus Fitton, vice-presidente de relações públicas na Porsche Cars North America. "Estamos em contacto com a empresa de navegação e os detalhes dos carros a bordo já são conhecidos."

Entre os clientes que comentaram o caso nas redes sociais está o youtuber Matt Farah, que se queixou Twitter de o carro que encomendou estar a arder à deriva no meio do oceano e está agora à espera de perceber de que forma a Porsche o irá recompensar.

 

 

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