Gouveia e Melo põe fuzileiros que se preparam para missão da NATO a assistir a missa de homenagem ao agente da PSP Fábio Guerra

31 mar 2022, 20:16
Gouveia e Melo é novo Chefe do Estado-Maior da Armada (Lusa)

"Nenhum de vocês teve culpa, nenhum de vocês é culpado de nada, mas isto demonstra o nosso respeito"

O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) aproveitou uma deslocação a Pinheiro Cruz, onde se encontra uma força de fuzileiros na fase de aprontamento para uma missão da NATO, para participar numa missa de homenagem ao agente da PSP Fábio Guerra. Há fuzileiros suspeitos da morte do polícia e Gouveia e Melo fez questão de sublinhar que nenhum dos presentes em Pinheiro Cruz "tem culpa" do sucedido mas que era necessário fazer uma manifestação de solidariedade por Fábio Guerra.

"Vamos ter uma missa campal com o bispo das forças armadas e o capelão mais antigo da Marinha e isto tem um significado especial porque é o sétimo dia após o enterro do agente Fábio Guerra da PSP. Nenhum de vocês teve culpa, nenhum de vocês é culpado de nada, mas isto demonstra o nosso respeito perante a situação em que fomos todos colocados. Agradeço-vos esta manifestação de solidariedade para com outros elementos do Estado que são tão úteis como todos nós nas nossas missões", afirmou o almirante Gouveia e Melo.

​Além do bispo das Forças Armadas, Rui Valério, e do capelão-chefe da Marinha, capitão-de-mar-e-guerra Ilídio Costa, estiveram presentes na missa todos os vice-almirantes da Marinha. ​"Antes da homilia, o CEMA dirigiu-se à força de fuzileiros e destacou, na preparação para mais uma missão internacional, o profissionalismo, a entrega, a disciplina e a dedicação desta força de elite da Marinha", refere uma nota da própria instituição militar. A força de fuzileiros é comandada pelo capitão-tenente João Gomes Goulart e constituída por 212 militares.

Gouveia e Melo classificou a morte de Fábio Guerra como sendo resultado de um “ataque selvático, desproporcional e despropositado" que não pode ter desculpas e justificações". "Fere o nosso juramento de defender a nossa pátria. O agente Fábio Guerra era a nossa pátria, a PSP e as Forças de Segurança são a nossa pátria e nela todos os nossos cidadãos”, afirmou Gouveia e Melo a propósito do caso.

"Não quero arruaceiros na Marinha; não quero bravatas fúteis, mas verdadeira coragem, física e moral; não quero militares sem valores, sem verdadeira dedicação à pátria; não quero militares que não percebam que na selva temos de ser lobos mas em casa cordeiros, pois isso é a verdadeira marca de autodomínio, autocontrolo e de confiança dos outros em nós. Nós somos os guerreiros da luz e não das trevas. Quem não agir e sentir isto que parta e nos deixe honrar a nossa farda, o nosso legado de mais de 700 anos de Marinha e de 400 de fuzileiros."

Ainda a propósito deste caso, o capelão da Marinha Licínio Luís foi exonerado de funções - e entretanto readmitido. Licínio Luís tinha utilizado as redes sociais para defender os fuzileiros suspeitos de matarem Fábio Guerra. "O senhor almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos", escreveu no Facebook.

O capelão retratou-se posteriormente também num post no Facebook. "É muito importante reconhecer perante vós e perante a Marinha, enquanto militar, que errei ao dirigir-me de forma incorreta, inapropiada, interpretativa e pública ao Almirante CEMA, que respeito pelo seu exemplo de coragem, de serviço prestado e dedicação à Marinha. Reli o discurso dele, na intranet, e constato que defendeu a decência humana que a todos nos deve animar. O Almirante CEMA sempre foi um adepto dos Fuzileiros e não tenho dúvidas, agora mais a frio, que tomou a única posição possível e ética ao traçar para toda a Marinha uma linha vermelha de comportamento."

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