Procuradores pedem pena que pode impedir Le Pen de se candidatar à presidência de França

António Guimarães , com Lusa
13 nov, 19:22
Marine Le Pen (GettyImages)

Em causa está um julgamento por alegado desvio de fundos do partido

O Ministério Público francês quer que Marine Le Pen seja impedida de concorrer a cargos públicos, depois de ter considerado a figura da extrema-direita culpada de desvio de fundos.

Esta é uma das condenações pedidas pelos procuradores, que querem ainda uma condenação de cinco anos, três dos quais em pena suspensa, para a mais do que provável candidata do partido União Nacional (RN).

Tal sentença “interditaria os arguidos de se candidatarem a futuras eleições locais ou nacionais”, afirmou o procurador perante Marine Le Pen, que poderá ficar impedida de se candidatar pela terceira vez às presidenciais francesas previstas de 2027, após o suposto desvio de fundos do Parlamento Europeu (PE) pelo seu partido União Nacional (RN, sigla em francês).

Marine Le Pen já criticou a “violência” e o “ultraje” das acusações.

“Penso que o objetivo do Ministério Público é privar os franceses da possibilidade de votarem em quem querem” e “arruinar o partido”, disse a líder da extrema-direita à saída da audiência.

Essa mesma punição impediria a política de voltar a concorrer às presidenciais - ela que já foi candidata por três vezes -, que estão marcadas para 2027. A defesa tem agora oportunidade de apresentar a sua versão antes de o juiz se pronunciar sobre a data da sentença, cujo anúncio deve ser feito dia 27 de novembro. Já a sentença em si é esperada para o início do próximo ano.

O RN, anteriormente designado Frente Nacional, e 24 dos seus dirigentes estão a ser julgados por alegadamente terem usado dinheiro destinado a assessores parlamentares da União Europeia (UE) para pagar a funcionários que trabalharam para o partido entre 2004 e 2016, em violação dos regulamentos do bloco europeu.

Marine Le Pen RN argumentou que as missões dos assistentes pagos pelo Parlamento Europeu deviam ser adaptadas às várias atividades dos eurodeputados, incluindo algumas missões altamente políticas relacionadas com o partido.

Além disso, descreveu a sua visão do papel dos eurodeputados, afirmando que este ia muito além do trabalho de elaboração e votação dos regulamentos da UE, justificando também o papel dos assessores que trabalham para cada eurodeputado.

"O assessor trabalha para o seu eurodeputado e, por conseguinte, pode trabalhar para o seu eurodeputado em benefício do partido", defendeu Marine Le Pen.

A líder do partido teve de responder às perguntas do juiz sobre o trabalho de Catherine Griset, sua assistente parlamentar entre 2010 e 2016 e antiga cunhada, que terá passado apenas o equivalente a 12 horas de trabalho no PE entre outubro de 2014 e agosto de 2015, ganhando nesse período 3.206 euros mensais.

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