"O Bloco pode beneficiar de outras caras". Mariana Mortágua deixa de ser deputada em novembro, após discutir OE2026

25 out, 19:01

A convenção nacional do partido, onde será decidido o nome do próximo líder do partido, está marcada para novembro. Mortágua promete, contudo, não abandonar a vida política

Mariana Mortágua considerou este sábado que o Bloco de Esquerda “pode beneficiar de ter, neste momento, outras pessoas, outras caras, outras vozes” à frente do partido.

Foi desta forma que a atual coordenadora bloquista explicou a decisão de abandonar a liderança do partido, não se recandidatando na próxima convenção nacional.

Na declaração, confirmou que vai esperar pelo fim do processo de discussão sobre o Orçamento do Estado para 2026 para deixar o lugar de deputada na Assembleia da República. A votação final global está marcada para 27 de novembro.

Mortágua falou na tarde deste sábado em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, depois de ter enviado uma carta aos militantes durante a manhã a comunicar a decisão de abandonar a liderança.

“Quis que fossem os militantes os primeiros a saber da minha decisão de não me recandidatar à coordenação do Bloco de Esquerda na próxima convenção”, começou por dizer. “Considero que era preciso dar um novo impulso à esquerda para conseguir combater a direita, ampliar o espaço social e inverter a redução do espaço eleitoral. Eu considero que esses objetivos não foram cumpridos e assumo as responsabilidades”, reconheceu.

Mariana Mortágua insistiu que a decisão "é pessoal", mas que o processo de escolha da nova direção será “coletivo”. “Essa é uma decisão que cabe ao Bloco de Esquerda tomar, que cabe aos militantes e à próxima direção, num debate que se fará na convenção", vincou.

A coordenadora do Bloco sublinhou ainda que continuará a fazer política dentro do partido, mas não como deputada. “Pretendo concluir o processo orçamental que iniciei e depois disso sair do Parlamento”. Ou seja, depois da votação final global do Orçamento do Estado para 2026, prevista para 27 de novembro.

Apesar de se afastar da coordenação do Bloco e da Assembleia da República, Mortágua garantiu que não abandona a vida política. “Quero fazer política, quero mudar a vida do país, quero lutar pela esquerda, pela igualdade, e continuarei certamente a fazê-lo dentro do Bloco de Esquerda. Acho que tenho muito para dar”.

Mariana Mortágua agradeceu aos camaradas de direção com quem trabalhou nos últimos dois anos e meio, dizendo ter “muito orgulho e muita confiança no Bloco de Esquerda”. “Estarei aqui para o futuro do Bloco, para construir a esquerda. Sou também parte desse futuro, ainda que não como coordenadora”.

Questionada sobre o perfil que o próximo coordenador do partido deverá ter, recusou comentar: “Essa é uma decisão que não me cabe a mim”.

A líder bloquista revelou ainda que começou a refletir sobre a decisão “no dia dos resultados das legislativas”, mas optou por esperar. “Seria irresponsável tomar uma decisão irrefletida e deixar o Bloco numa situação de vazio até à convenção”, explicou, acrescentando que a decisão “nunca seria condicionada ou influenciada por artigos de nenhum comentador”.

A convenção nacional do Bloco de Esquerda está marcada para novembro.

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