Maria de Jesus Rendeiro libertada

Paulo Pereira , Com Lusa
18 mai 2022, 23:45

Mulher de João Rendeiro estava em prisão domiciliária com pulseira eletrónica. A medida de coação foi aligeirada por ter sido atenuado o perigo de fuga

O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu retirar a pulseira eletrónica e sujeição a prisão domiciliária à mulher de João Rendeiro, aligeirando assim a medida de coação a Maria de Jesus no processo em que é suspeita de descaminho das obras de arte da família que estavam arrestadas. 

Em causa, sabe a CNN Portugal, o atenuar do perigo de fuga que se prendia com o receio de que Maria de Jesus saísse do país ao encontro do marido. Com a morte de João Rendeiro, na África do Sul, onde entretanto estava preso depois de ter sido capturado, esse perigo extinguiu-se e o tribunal teve isso em consideração.

A partir desta quarta-feira, Maria de Jesus Rendeiro pode sair de casa e tem de se apresentar às autoridades uma vez por semana. Fica proibida de sair do país.

A medida de coação tinha sido imposta em novembro de 2021 e renovada por mais três meses há apenas uma semana, no âmbito do processo D’Arte Asas, no qual é suspeita dos crimes de descaminho, desobediência, branqueamento de capitais e de crimes de falsificação de documento relativamente a obras de arte da coleção do seu marido.

A iniciativa de promover o fim da obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica (OPHVE) partiu do próprio TCIC, na sequência da morte do antigo banqueiro na África do Sul, na noite da passada quinta-feira.

A viúva de João Rendeiro era fiel depositária dos quadros arrestados ao ex-banqueiro, considerando o tribunal que esta sabia das falsificações e do desvio das obras. Na altura, o TCIC considerou existir perigo de fuga, perigo de perturbação do inquérito/investigação e perigo de continuação da atividade criminosa.

João Rendeiro, de 69 anos, foi encontrado morto na quinta-feira na prisão de Westville, segundo uma nota do Departamento de Serviços Penitenciários. A polícia sul-africana descartou envolvimento de terceiros na morte de João Rendeiro, reforçando a tese de que o ex-banqueiro colocou um termo à própria vida, sabe a CNN Portugal.

O antigo presidente do BPP estava detido na África do Sul desde 11 de dezembro de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal.

João Rendeiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

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