O secretário de Estado dos EUA reuniu-se com o primeiro-ministro israelita, Benajmin Netanyahu, esta tarde. Admitiu que há "desafios", mas progresso é "incrível"
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, manifestou esta quinta-feira, após um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que, apesar dos "obstáculos significativos", os Estados Unidos mantêm confiança no acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
"Estamos confiantes e positivos em relação aos progressos alcançados, mas também estamos conscientes dos desafios", declarou Rubio, acrescentando que o desenvolvimento do acordo é uma das principais prioridades do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Nas suas breves declarações, o chefe da diplomacia de Washington considerou que o progresso obtido na última semana é "incrível", embora "haja mais trabalho a ser feito e conquistas a serem alcançadas mais tarde".
Marco Rubio chegou esta quinta-feira a Israel, no mesmo dia em que terminou uma visita do vice-presidente norte-americano ao país.
Antes de deixar Telavive, J.D. Vance deixou fortes críticas à aprovação preliminar de um projeto no parlamento israelita que prevê a anexação da Cisjordânia, advertindo que contraria a política dos Estados Unidos e prejudica os esforços de paz na Faixa de Gaza.
Também Donald Trump, que foi o principal impulsionador da trégua na Faixa de Gaza, avisou que Israel "perderá o apoio de Washington" se avançar com a anexação da Cisjordânia, indicando que deu a sua palavra aos países árabes de que isso não aconteceria.
Após a reunião com o secretário de Estado norte-americano, Netanyahu destacou a "confiança e parceria" com Washington, bem como as visitas de J.D. Vance, do enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e d genro de Trump, Jared Kushner, um dos principais autores do acordo de cessar-fogo.
"Enfrentamos dias de destino. Queremos avançar em paz. Continuamos a enfrentar desafios de segurança, mas acredito que podemos trabalhar em conjunto para os enfrentar e aproveitar as oportunidades", afirmou o primeiro-ministro israelita.
Em declarações anteriores, Netanyahu tinha atribuído o projeto de lei sobre a Cisjordânia a uma "provocação deliberada da oposição", com o propósito de prejudicar as visitas dos dirigentes norte-americanos, que visam avaliar a evolução do cessar-fogo na Faixa de Gaza, em vigor desde 10 de outubro.
O entendimento na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas foi impulsionado pelos Estados Unidos com outros mediadores (Egito, Qatar e Turquia), com apoio de vários países árabes.
No âmbito do acordo, o Hamas devolveu os últimos 20 reféns vivos que mantinha no enclave palestiniano, mas apenas 15 dos 28 que estavam mortos, alegando dificuldade em encontrar os corpos entre os escombros do território devastado por mais de dois anos de conflito.
Em troca, Israel libertou quase dois mil presos palestinianos e 195 corpos que mantinha na sua posse.
Além das entregas de reféns e prisioneiros, a primeira fase do acordo prevê a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
O Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, tem apontado dezenas de violações por parte de Israel do acordo, que ficou em risco com incidentes ocorridos no domingo, pelos quais as partes se responsabilizaram mutuamente, e que levaram a bombardeamentos israelitas no mesmo dia no território.
A etapa seguinte do entendimento, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave, que descarta um papel do grupo islamita.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.