Marcelo quer ir a Kiev condecorar Zelensky e deixa recado a "sectores ligados ao 25 de Abril"

22 fev 2023, 12:04
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fala à imprensa antes de entrar para participar no Programa “Músicos no Palácio de Belém” (Lusa/TIAGO PETINGA)

"Tenciono entregar a condecoração. Sei que há quem concorde - que é a maioria dos portugueses - e há quem discorde e se melindre com o facto"

O Presidente da República assumiu esta quarta-feira que a chegada de uma nova embaixadora da Ucrânia em Portugal abre caminho para a preparação da sua visita a Kiev, onde espera condecorar Zelensky com a Ordem da Liberdade.

“Eu continuo a tencionar [ir à Ucrânia] logo que seja possível e vamos ter finalmente uma nova embaixadora da Ucrânia em Portugal, nós estivemos muitos meses sem uma embaixadora em Portugal. (...) Isso vai permitir programar, para o momento em que a Ucrânia entender adequado, uma visita minha à Ucrânia", disse aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da receção à Força Operacional Conjunta que esteve em missão na Turquia, em Lisboa.

Nessa visita, o chefe de Estado português espera condecorar finalmente o presidente ucraniano com a Ordem da Liberdade. "Tenciono entregar a condecoração. Sei que há quem concorde - que é a maioria dos portugueses - e há quem discorde e se melindre com o facto", comentou, referindo-se a "alguns sectores ligados ao 25 de Abril".

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o momento para justificar a atribuição do Grande-Colar da Ordem da Liberdade ao presidente ucraniano. "Não vamos discutir o que é que ele foi antes de ser presidente, como é que governou como presidente. Há quem goste, há quem não goste", começou por dizer. 

Mas "há um ponto comum" em todos os que foram distinguidos com esta condenação, assinala Marcelo: “Há um momento na vida daqueles condecorados - pode ser muito longo pode ser curtíssimo - em que eles tiveram um facto fundamental para a defesa da liberdade. Um gesto, uma conduta, um comportamento.”

E a condecoração de Zelensky baseia-se precisamente neste princípio, justifica o Presidente da República, recordando a resistência do povo e do líder ucraniano no último ano contra a invasão russa.

"É um facto que há um ano ele luta pela liberdade do seu povo. Não é só pelo seu povo, há razões estratégicas, certamente. Agora, que ele luta pela liberdade do povo ucraniano, luta. E essa luta persistente ao longo de um ano merece, tal como outros gestos em defesa da liberdade em momentos muito específicos ou mais longos, a condecoração."

Questionado sobre se tenciona entregar essa condecoração já no próximo mês, Marcelo não quis apresentar uma data em específico, respondendo que quer fazê-lo "pessoalmente quando for à Ucrânia".

O presidente ucraniano assinou na terça-feira o decreto que designa Maryna Yuriivna Mykhaylenko como “embaixadora extraordinária e plenipotenciária” da Ucrânia junto da República Portuguesa, depois de ter afastado Inna Ohnivets do cargo, em junho do ano passado.

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