50 anos do 25 de Abril: divergências entre Eanes e Vasco Lourenço obrigam Marcelo a liderar comemorações

17 dez 2021, 02:14
25 de Abril

Depois da polémica em torno da nomeação de Pedro Adão e Silva, o Presidente da República vê-se obrigado a assumir o controlo das celebrações. Eanes fica, mas em segundo plano. Conselho liderado por Vasco Lourenço é dissolvido

As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril são a prova provada de que nem tudo o que parece simples é mesmo simples. Primeiro foi a nomeação como comissário executivo de Pedro Adão e Silva, um ex-militante do PS a gerar controvérsia. Agora a polémica eleva-se a todo um outro nível e quem teve de a resolver foi o próprio Presidente da República. 


A 27 de maio deste ano, o Conselho de Ministros aprovou a estrutura de missão que iria organizar as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinalam em 2024. Presidente da República e primeiro-ministro acordaram que as comemorações começariam a 24 de março de 2022, quando a democracia ultrapassa em um dia a duração da ditadura. 


De acordo com a resolução do Conselho de Ministros, a estrutura de missão seria composta por um conselho geral — para o qual foi nomeado um dos capitães de Abril, Vasco Lourenço — e por uma comissão executiva, liderada por Pedro Adão e Silva. 


A par destas duas estruturas, seria ainda constituída uma comissão nacional, nomeada pelo Presidente da República. E Marcelo Rebelo de Sousa escolheu o ex-Presidente Ramalho Eanes para a encabeçar. 


E foi aqui que os problemas terão começado. Ao que a CNN Portugal e a TVI apuraram, a relação entre Eanes e Vasco Lourenço foi-se tornando tensa com o tempo. Afinal, quem mandava, de facto, nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril?


O problema foi-se arrastando à medida que os meses iam passando, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa foram sendo uma espécie de árbitros. Mas a 22 de novembro, na sessão de encerramento da conferência sobre “O futuro do trabalho visto pelos jovens”, que decorreu no ISCTE, e sem que nada o fizesse prever, Marcelo Rebelo de Sousa deu os primeiros sinais de que alguma coisa tinha de mudar.   


Nos últimos dois minutos de discurso, o Presidente da República faz uma espécie de apelo: “Vamos ver se é possível introduzir algumas mudanças. A começar pela mudança de mentalidades, que é o mais difícil”.


A mensagem de Marcelo — indecifrável para quem não tinha o contexto — vai mais longe. O Presidente insiste na ideia de que é preciso mudar “a cabeça de pessoas que estão habituadas a pensar como há 40, 30 ou há 20 anos”. E remata com uma frase lapidar: “A melhor forma de celebrar o 25 de Abril e a democracia (…) é falar do futuro e não falar do passado”.


Era o prenúncio do que acabou por acontecer esta quinta-feira, quando o Conselho de Ministros deliberou que a presidência das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril seria, afinal, assumida pelo próprio Presidente da República. 


Ao que a CNN Portugal e a TVI apuraram, além das divergências com Vasco Lourenço, Ramalho Eanes terá invocado motivos pessoais para não liderar as celebrações, ficando, ainda assim, no comité presidido por Marcelo Rebelo de Sousa. Já o conselho geral — presidido por Vasco Lourenço — foi dissolvido

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